Arthur, o miúdo

A eleição e posse do deputado estadual Paulo Dantas como governador-interino de Alagoas encerra o primeiro round da luta entre Arthur Lira e os Calheiros pelo comando político do Estado. Nessa batalha não houve vencidos nem vencedores; só Alagoas perdeu com a barafunda patrocinada pela oposição para tumultuar o processo sucessório.

Comandado pelo senador Renan Calheiros, o clã de Murici manda no Estado há algumas décadas, mas seu reinado está sob ataque de Arthur Lira, que jamais se firmou como liderança alagoana. Pelo papel secundário que sempre exerceu na política local, Lira mereceu da revista Piauí o título de “Arthur, o miúdo”, em recente reportagem sobre a vida pregressa do deputado. Seu tamanho político também pode ser medido pelos votos da oposição na escolha do governador-tampão.

Em três sucessivos mandatos federais, Arthur Lira pulou do baixo clero para o comando da Câmara, enquanto Renan perdia espaço no Congresso e prestígio no Planalto. Os dois já foram aliados, mas agora lutam pelo domínio político de Alagoas, cuja batalha final será decidida no dia 2 de outubro.

Arthur Lira saiu desse arranca-rabo bem menor do que entrou, mas na balança do poder leva ampla vantagem sobre Renan Calheiros. Ordenador do bilionário orçamento secreto, o deputado busca a reeleição e deverá ser o mais votado desse pleito, enquanto Renan tentará eleger o novo governador e o filho senador, e assim esticar seu reinado em Alagoas.

Depois do vergonhoso embate pela escolha do governador-tampão, a batalha final se deslocará para os palanques presidenciais em Alagoas. Vença Lula ou Bolsonaro, Lira e Renan permanecerão na glória do poder, enquanto o Estado continuará dividido e pobre.