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Magistrados não se intimidaram ao denunciar quadrilha de advogado

Por 26/06/2020 - 08:37
Atualização: 30/06/2020 - 13:24

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Divulgação
Juiz Braga Neto
Juiz Braga Neto

O processo que resultou na prisão da quadrilha de advogados que extorquia presidiários e no afastamento do juiz Braga Neto teria sido arquivado não fosse a atuação destemida de dois juízes que atuam na 16ª Vara de Execuções Penais.

Renata Malafaia Viana e Diego Araújo Dantas são titulares da mesma vara em que Braga Neto foi o único juiz durante vários anos. São Juízes com J Maiúsculo, que não se intimidaram em denunciar a quadrilha liderada pelo filho de um magistrado.

Os dois ingressaram na magistratura alagoana via concurso público após este certame deixar de ser mero instrumento para legalizar a ascensão ao cargo de juiz de filhos, parentes e até de amantes de desembargadores. Naquela época o acesso à magistratura era feito pela avaliação do “QI”, de quem indicou. Mas isto é coisa do passado.

Vale registrar que o esquema de extorsão envolvendo os mesmos personagens foi denunciado três anos atrás, mas o processo acabou engavetado e a quadrilha continuou atuando, desta vez fortalecida pela leniência do próprio TJ. 

Ao analisar as primeiras denúncias o desembargador José Carlos Malta Marques não viu indícios de crime nas ações mafiosas lideradas pelo filho de um magistrado e mandou o processo para as calendas do velho corporativismo.

As denúncias de agora são as mesmas de 2017 e não fosse a coragem desses dois juízes, o processo certamente seria, de novo, arquivado. A firme atitude desses magistrados mais a atuação do corregedor Fernando Tourinho e do Ministério Público Estadual nos levam a acreditar que nem tudo está perdido no Reino do Judiciário.


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