Usina Bioflex registra resultado positivo em safra
Em meio ao pandemônio causado pelo afundamento de três bairros de Maceió e projeções catastróficas do novo Coronavírus em Alagoas, uma boa notícia vem da área tecnológica e trás perspectivas positivas para o estado. Trata-se da Bioflex, usina pioneira na produção de etanol extraído do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, instalada em São Miguel dos Campos.
Operando no prejuízo desde que foi inaugurada em 2014, a indústria registrou resultado positivo na safra 2019/20 com recorde de produção de 99 mil litros/dia de etanol celulósico, o equivalente a 40% de sua capacidade instalada.
A boa notícia foi dada esta semana por Paulo Nigro, executivo do Grupo GranBio, formado por ex-acionistas da Odebrecht que apostam no desenvolvimento de novas tecnologias para produção de energia de segunda geração, aproveitando a biomassa como matéria-prima.
“Podemos alcançar 30 milhões de litros em um ano”, disse Paulo Nigro ao Jornal Cana. Atualmente a usina utiliza seu estoque de bagaço e de palha de cana para produzir energia elétrica e deve retomar a produção de etanol em agosto, um mês antes do início oficial da safra canavieira no estado.
“O objetivo maior da planta de Alagoas é concretizar o nosso aprendizado. Antes, estávamos em um processo de validação tecnológica. Agora, isso já está validado”, garante o executivo da GranBio. Mais que uma destilaria de álcool, a Bioflex é uma unidade industrial pioneira que investe pesado em novas tecnologias capazes de revolucionar a produção de energia alternativa no mundo.
O processo, chamado de hidrólise, quebra as paredes celulares da cana e extrai açúcares da celulose por meio de enzimas. Os açúcares são depois transformados em etanol pela fermentação do caldo de cana com levedura. Inicialmente, a GranBio utilizou tecnologias da Holanda, Dinamarca e Itália, que não garantiram a viabilidade econômica do empreendimento.
Foi preciso investir em tecnologia própria em parceria com uma empresa americana especializada na utilização de biomassa para produção de energia, com viabilidade comercial. O projeto tem o apoio do BNDES, que investiu R$ 300 milhões.