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A bomba de Maceió

Por 27/02/2019 - 15:30

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Foto: Divulgação
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Quem assistiu recente entrevista do professor José Geraldo Marques, à TV Assembleia, ficou indignado com a omissão do governo estadual frente às pressões da Salgema para se implantar em Maceió, 40 anos atrás. 

Coordenador do órgão responsável pela política ambiental da época, Marques revelou que a atual Braskem passou por cima de tudo e de todos, atropelou os órgãos de fiscalização e se instalou sem as licenças ambiental e de operação. 

“Por negar a licença de instalação da indústria, sofri até ameaças de morte”, disse o ambientalista, que foi forçado a renunciar ao cargo e ir embora de Alagoas para não morrer. 

José Geraldo Marques conta que Alagoas sempre se curvou aos interesses econômicos da petroquímica, inclusive contraindo empréstimos externos em favor da indústria, dando origem a uma impagável dívida pública, que hoje beira os R$ 10 bilhões. 

Segundo o ecologista, o impasse maior era a localização da indústria química em área de restinga e dentro de uma cidade populosa. Ele defendia a tese de que a empresa deveria se instalar em Marechal Deodoro ou no Pilar, mas foi vencido pelo milionário lobby da empresa. 

O medo maior, na época, era a possibilidade de vazamento de gás venenoso ou uma possível explosão nos tanques do terminal de cloro, que ainda hoje ameaçam Maceió como uma bomba relógio, sem data para explodir. 

Sobre os abalos sísmicos que ameaçam engolir o bairro do Pinheiro, o professor diz não saber as reais causas do fenômeno, mas não descarta a responsabilidade da Braskem. 

Ele lembra que a extração do sal-gema produz vazios no subsolo e que essas cavernas são preenchidas com água para segurar o solo. “Mas é preciso monitorar essas ações para verificar o nível da segurança hidráulica, mesmo nos poços já desativados”, alertou. 

Nunca é demais lembrar os milhares de mortos de Bhopal, pequena cidade indiana palco de uma das maiores tragédias da história provocada por vazamento de gás tóxico em uma fábrica de inseticida.


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