Conteúdo Opinativo

Epidemia de negligência

Por 15/02/2019 - 08:22

ACESSIBILIDADE

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Os dados oficiais sobre a epidemia de esquistossomose em Alagoas são uma vergonha para o estado e seus governantes, de hoje e de ontem. Trazida pelos escravos, a doença é associada à pobreza, mas sua proliferação deve-se à negligência do poder público em todas as suas esferas. 

O médico João Batista Neto, especialista no tratamento da esquistossomose, há anos vem advertindo as autoridades sobre os estragos da doença na saúde da população e na economia do estado. Mas até agora seu grito de alerta tem caído no vazio da indiferença e da omissão dos gestores públicos. 

Com 70 municípios infectados, Alagoas é o segundo estado do país com maior incidência da doença. “Temos mais de dois milhões de pessoas expostas ao parasita”, lembra o médico, indignado com tamanha negligência. 

A solução é conhecida e começa por sanear os vales do Paraíba e Mundaú, dois dos rios mais contaminados do mundo por esquistossomose. O problema é que saneamento básico é obra debaixo da terra, que não tem visibilidade pública nem dá votos aos políticos. 

Vale lembrar que no governo de Fernando Henrique foram liberados milhões de reais para o saneamento de todas as cidades ribeirinhas como forma de salvar as lagoas Mundaú e Manguaba e a vida de milhares de alagoanos. Todo o dinheiro foi gasto, mas o saneamento ninguém sabe, ninguém viu. 

E mais grave: até hoje nenhum prefeito foi preso por crime contra a saúde pública.


Encontrou algum erro? Entre em contato