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Herança da discórdia

Por 05/12/2016 - 16:08

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O processo de falência do Grupo João Lyra sofreu um novo revés esta semana com a saída do caso do juiz Nelson Fernando Medeiros Martins. É o quarto magistrado a abandonar o caso por desentendimento com gestores da massa falida, com os herdeiros do usineiro, e com o próprio Tribunal de Justiça.

Desavença

O administrador judicial João Daniel Marques Fernandes é o foco da desavença. Ele está no cargo há mais de um ano por força de liminar concedida pelo desembargador Tutmés Airan até hoje não julgada pelo Tribunal de Justiça.

Daqui não saio

João Daniel foi destituído do cargo em setembro de 2015 pelo juiz Kleber Borba Rocha, então titular do processo. Mas ele recorreu ao TJ e mesmo contrariando a vontade do juiz do caso e dos herdeiros, o desembargador Tutmés Airan o manteve no cargo, o que levou Kleber Borba a sair do processo.

Bola dividida

Após ser nomeado como novo titular do caso, o juiz Nelson Fernandes Medeiros Martins determinou a substituição de João Daniel por uma empresa de consultoria, sem ligações com as partes. De novo, Tutmés Airan o manteve no cargo alegando “boa gestão” do administrador judicial, posição oposta à defendida pelo juiz e pelos herdeiros.

Interesses escusos

Contrariado, o juiz abandonou o processo e admitiu a existência de interesses escusos em torno desse processo. Lembrou que a lei confere ao juiz a prerrogativa de nomear um administrador judicial de sua confiança e que agia em defesa do interesse público.  “É imprescindível o mínimo de sintonia na atuação do juiz e do administrador judicial, o que começa por uma relação de plena confiança”, escreveu o magistrado.

Maiores vítimas

No tribunal ninguém explica as razões da desavença, mas não é difícil concluir que o administrador João Daniel tem fortes aliados no TJ e fora dele. No meio da briga, estão mais de 10 mil trabalhadores que perderam seus empregos. 


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