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Advogado de Renan sobre exoneração: "questão resolvida"

Por UOL 16/11/2018 - 20:10

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Foto: Divulgação
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Advogados da Operação Lava Jato avaliaram que foi acertada a decisão do juiz Sergio Moro de pedir a exoneração do seu cargo agora, antes de assumir o posto de ministro da Justiça em 1º de janeiro. Para eles, é preciso separar as funções no Executivo e no Judiciário. Ainda que Moro estivesse em férias, isso não acontecia, avaliaram os advogados ouvidos pelo UOL nesta sexta-feira, 16.  

Os advogados Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Verônica Sterman, que atuam para grandes empresários e políticos do caso, mantiveram suas críticas ao magistrado por atuação "parcial" na Lava Jato. E também elogiaram sua decisão de hoje. "Foi um gesto mínimo, não é importante", ponderou Kakay, que defende políticos como o senador Romero Jucá (MDB-RR). 

"O fato de ele ter aceitado o cargo demonstra parcialidade, e o fato de ter se exonerado, uma decisão acertada", avaliou Verônica.  Em ofício ao Tribunal Regional da 4ª Região, o juiz justificou sua saída do cargo antes do previsto. "Não pretendo dar azo a controvérsias artificiais, já que o foco é organizar a transição e as futuras ações do Ministério da Justiça".

O advogado Luís Henrique Machado disse que a saída de Moro encerra todas as polêmicas. "A discussão perde objeto", afirmou ele à reportagem. "Acaba a controvérsia. Então, está resolvida a questão." No entanto, ele preferiu não avaliar se o juiz agiu corretamente por aceitar o futuro cargo de ministro e, mesmo assim, manter o posto no Judiciário. "É uma questão de foro íntimo do magistrado", afirmou ele, defensor de políticos como o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL). 

"Se anteriormente ele entendia que deveria privilegiar a cobertura previdenciária dos seus dependentes, mesmo sabendo que iniciaria suas atividades a partir de 1º de janeiro no Executivo, dever-se-ia respeitar a decisão do magistrado. Para evitar qualquer questionamento, resolveu, agora, pedir a sua exoneração."  O advogado Tércio Lins e Silva atuou em favor de vários investigados na Lava Jato, como o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, e fez várias críticas a Moro. Nesta sexta-feira, disse que não avaliaria a decisão específica do juiz. Afirmou esperar que ele faça um bom trabalho no Ministério da Justiça.

"Espero que ele se comporte republicanamente", iniciou. "Vamos ver. Vamos aguardar, há sempre uma esperança, eu sou crente na natureza humana. Vamos aguardar e ver, na função de vidraça, vamos ver como é que ele se comporta."  Já Délio Lins, que defende réus como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), foi curto na avaliação. "Não tenho nada a ver com a vida dele. Que seja muito feliz."


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