BRASÍLIA
Renan tenta se alinhar a Bolsonaro para presidir Senado
A eleição de Jair Bolsonaro e a onda de rejeição à velha política colocaram o senador Renan Calheiros (MDB-AL) em seu mais difícil teste de sobrevivência em décadas.
"O sentimento do MDB é de ajudar o governo e fazer as mudanças de que o país precisa. Eu só posso ser produto da indicação da minha bancada se concordar com isso", disse o político alagoano à Folha de São Paulo, em entrevista divulgada nesta quarta-feira, 9.
Crítico mordaz das reformas econômicas do governo Michel Temer, Renan tenta amenizar suas críticas à pauta liberal para se alinhar ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Também passou a usar as redes sociais para se adaptar aos novos tempos, fez ataques a indicações políticas para cargos públicos e até flexibilizou sua visão sobre pautas sociais.
"Quando a sociedade muda os costumes, o Parlamento tem que atualizar as leis. Muitos itens da pauta de costumes do Bolsonaro eu vou ajudar", afirmou. Em 2005, o senador liderou a frente parlamentar que defendeu o estatuto do desarmamento.
Enquanto Rodrigo Maia (DEM-RJ) costura a adesão do partido de Bolsonaro à sua candidatura na Câmara, Renan ainda conta com a antipatia de integrantes do governo.
O senador alagoano quer derrubar essas resistências e, principalmente, convencer seus pares de que não será um elemento de conflito com o Planalto caso se eleja para comandar a Casa.
O alagoano já foi alvo de 18 inquéritos no Supremo Tribunal Federal e é um personagem recorrente em delações premiadas da Lava Jato. Nove casos foram arquivados. Nas últimas décadas, protagonizou crises políticas e foi alvo de protestos públicos que pediam "fora, Renan".