ALAGOANAS
Equipe indígena participa de etapa regional dos Jogos Escolares
Sem nunca ter saído de sua aldeia e acostumadas a
jogar futebol descalças em campo de terra batida, as meninas da tribo Wakóna
Xukuru-Kariri, de Palmes tiveram sua oportunidade. As alunas/atletas da Escola
Estadual Indígena Cacique Alfredo Celestino, de Palmeira dos Índios (AL), estão
na disputa do torneio feminino de futsal para atletas de 12 a 14 anos e foram
derrotadas em sua estreia, na manhã desta quinta-feira, dia 13. A equipe
alagoana perdeu por 9 x 1 para o Colégio Silva Sales, de Fortaleza (CE), pelo
grupo B da primeira etapa regional dos Jogos Escolares da Juventude 2018, que
acontecem em Natal (RN).
— Claro que a gente queria ganhar o jogo, mas estávamos muito nervosas e não conseguimos jogar bem. Fomos derrotadas hoje, mas conquistamos o título estadual, que foi muito difícil. Estar aqui já é uma vitória. Pela primeira vez saímos da nossa aldeia. A gente espera poder jogar melhor nas próximas partidas — afirmou a camisa 7 da equipe.
Poti explicou que os integrantes da tribo se pintam sempre em ocasiões
especiais.
— A gente se pinta para mostrar a nossa cultura, para mostrar que somos
guerreiros. Quando o jogo começa são adversárias, mas quando termina voltamos a
ser amigos. Nos pintamos também em datas comemorativas. Mas tem detalhes que a
gente não pode falar. A questão de socializar com outras pessoas enquanto
indígenas é muito importante para essas meninas, até para elas se aprofundarem
na nossa cultura — disse Poti.
O futsal é o único esporte não indígena praticado na escola. Segundo a diretora
da escola, Jaracinã, que também acompanha a equipe em Natal, os jovens
estudantes da tribo têm uma gama de modalidades esportivas indígenas que
praticam diariamente.
— Temos 232 alunos em diversas faixas etárias. Os índios entram na escola com
apenas dois anos e até os anciões estudam conosco — afirmou Jaracinã — Além do
futsal, nossos alunos praticam o arco e flecha, a zarabatana, a corrida com
pote e a corrida com maracá, um instrumento que entoa o nosso canto, entre
outras modalidades.
O povo atualmente chamado Xukuru-Kariri tem esse nome devido ao convívio de
duas etnias, Xukuru e Kariri, ambas presentes no nordeste brasileiro. Os
aldeamentos indígenas, sobretudo os do Nordeste, agrupavam em um único espaço
múltiplas nações e tribos e no de Palmeira dos Índios eram majoritários os
'Xucurus' e grupos 'Cariris'. A origem Cariri era atribuída a vários grupos
sobreviventes que se misturaram aos Wakóna e Carapotó nessa região alagoana. A
maioria dos Xukuru-Kariri vive na Terra Indígena Xukuru Kariri e na zona urbana
do município de Palmeiras dos Índios, Alagoas. Em 2010, os Xukuru-Kariri
somavam cerca de 2900 pessoas, de acordo com o censo da Funasa.
Colégio Silva Sales já revelou quatro atletas que defenderam a
seleção brasileira
Dos nove gols marcados pelo time cearense na partida, três foram anotados por
Kailane Silva e dois por Adriene Castro. O Colégio Silva Sales é pródigo em revelar
talentos para o esporte brasileiro, com destaque para o futebol e o futsal.
Quatro atletas que estudaram no colégio e disputaram os Jogos Escolares da
Juventude em anos anteriores são jogadoras de seleção.
Destaque para Katrine Costa, que disputou os dois últimos Campeonatos Mundiais
Sub-20 pela seleção brasileira, e Amandinha, eleita a melhor jogadora de futsal
do mundo nos últimos quatro anos. Amandinha conquistou o título dos Jogos
Escolares de 2012 e hoje defende o Barateiro, de Criciúma, principal clube
brasileiro de futsal feminino. As outras duas atletas são Janaína, que já
defendeu a seleção brasileira em categorias de base e hoje defende a seleção
portuguesa principal, e Gabi Neymar, como é conhecida, que já substituiu
inclusive a lenda viva do futebol brasileiro em uma partida, a craque Formiga.
Os Jogos Escolares da Juventude são organizados e realizados pelo Comitê
Olímpico do Brasil (COB), correalizados pelo Ministério do Esporte e Grupo
Globo, com patrocínio da Coca-Cola e parceria do Governo do Estado do Rio
Grande do Norte.