Assembleia pode criar CPI para investigar faculdades

Divulgado em Alagoas em março de 2018, por meio de matérias jornalísticas, o Golpe dos Diplomas foi alvo de discussão na Assembleia Legislativa de Alagoas nesta sexta-feira, 22.

Proposta pelo deputado Marcelo Beltrão (MDB), a sessão visa buscar soluções para o problema que lesou milhares de estudantes alagoanos e dos estados vizinhos. 

Em Pernambuco foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar e punir os golpistas. A ideia é que em Alagoas também se crie uma CPI.

O jornalista Thiago Correia, autor da série de reportagens que publicizou o caso em Alagoas se pronunciou na Casa Tavares Bastos. De acordo com ele, as denúncias deveriam diminuir o número de golpes no estado, mas o que aconteceu foi aumentar. 

“Saber que a coisa continua, mesmo depois das denúncias é complicado. Mostramos detalhadamente, todo o processo, diversos casos, monitoramos mais de 12 faculdades e hoje temos quase 20 instituições atuando em Alagoas”, relatou o jornalista

Ele também pontuou o importante papel da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), que mesmo depois da divulgação dos casos, continua validando diplomas falsos das universidades. 

“Um ponto que deve ser atacado é a atuação da Uneal. É inadmissível, sabendo que é crime, sabendo que é golpe, com o Ministério da Educação sabendo que é crime, com Ministério Público sabendo que é golpe, a universidade continuar validando o diploma”.

Segundo ele, à época, a Uneal disse que também foi enganada e alegou que não existia mecanismo de checagem para saber se essas faculdades eram legais junto ao MEC. 

“Uma ação civil pública denunciou a Uneal porque mesmo depois da divulgação dos casos continuou validando diplomas falsos expedidos no Rio Grande do Sul”, relatou o jornalista.

Ainda de acordo com Correia, a partir do momento que o caso é amplamente divulgado, a instituição deveria ter a obrigação de iniciar checagem dessas faculdades. “Mas a validação dos diplomas é rentável para a universidade”, pontuou.

Na sessão também foi discutida a necessidade investigação da instalação dessas faculdades no estado. Correia relatou que de acordo com suas investigações nas reportagens, essas instituições se instalam de maneira fácil em Alagoas.

O deputado Marcelo Beltrão afirmou que o objetivo é que a ALE seja um local de convergência e mediação para encontrar as possíveis soluções e evitar que mais alagoanos sejam lesados com este golpe.