LARANJA

Candidata alagoana recebeu R$ 450 mil e teve 233 votos

Principal financiador é advogado do deputado federal Marx Beltrão
Por Bruno Fernandes com Folha de S.Paulo 15/02/2019 - 14:11

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Foto: divulgação
Foto: divulgação

Uma candidata a deputada federal em Alagoas chamou atenção durante a prestação de contas dos partidos a Justiça Eleitoral. 

Dados divulgados pela Folha de São Paulo, nesta sexta-feira, 15, revelam que a ex-pretendedora ao cargo federal Tida do Brejinho (PSD-AL) recebeu R$ 450 mil para a campanha, porém, teve apenas 233 votos, o que levantou a suspeita de que a alagoana seja apenas mais uma candidata laranja.

De acordo com levantamento, o segundo maior "patrocinador" da candidata, com um repasse de R$ 100 mil, foi Claudemir Lins França, conhecido no estado por ser advogado do deputado federal Marx Beltrão (PSD), eleito durante o pleito de 2018.

Segundo o partido, Tida do Brejinho foi a única mulher em Alagoas a concorrer para o Congresso pela sigla e recebeu o equivalente a 30% dos recursos destinados pelo PSD a candidatos no Estado.

Assim como Tida, outros candidatos com votações pífias espalhados pelo Brasil receberam ao menos R$ 15 milhões em dinheiro público dos fundos partidário e eleitoral.

Ao todo 53 nomes receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas, mas saíram das urnas com menos de mil votos. Os candidatos pertencem a 14 siglas diferentes.

Dos 53 candidatos, 49 eram mulheres —o que reforça a suspeita de que as postulantes a cargos eletivos sejam apenas laranjas, como os casos revelados pela Folha nos últimos dias envolvendo o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Vale ressaltar que a lei eleitoral obriga que pelo menos 30% dos recursos dos fundos partidário e eleitoral sejam investidos em candidaturas femininas, levando a manobras para atingir a cota, com a criação de postulantes de fachada.

Os casos são semelhantes ao de Maria de Lourdes Paixão, secretária administrativa do PSL de Pernambuco e que recebeu R$ 400 mil para a campanha, mas teve apenas 273 votos.

A descoberta de candidatas laranjas do PSL também em Minas Gerais provocou uma crise no governo Bolsonaro, com bate-boca e desgaste do ministro Gustavo Bebianno, que presidiu a sigla no ano passado.

A Polícia Federal abriu investigação sobre as suspeitas, e Bolsonaro passou a esperar um pedido de demissão de Bebianno.


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