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"Não gostaria que a morte do meu filho ficasse impune", diz mãe

Por Redação 24/09/2018 - 11:27

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Fotos: Caio Loureiro
Fotos: Caio Loureiro

Acontece desde às 9h desta segunda-feira, 24, no Fórum de São Miguel dos Campos, o julgamento de Rodolfo Câmara Amaral Calheiros, acusado de matar o estudante Davi Hora Barros Omena.

Apenas foram localizados para intimação a testemunha Petrúcio Soares Filho, que estava no local do fato, e a declarante Valéria Hora Barros, mãe da vítima.

O julgamento está sendo presidido pelo juiz Helestron Silva da Costa. Em depoimento, Valéria Hora disse que não gostava que o filho tivesse proximidade com Rodolfo.

“Eu tinha medo de deixar o meu filho ir pra essa festa justamente por não conhecer esse rapaz, que não frequentava nossa casa, não tínhamos nenhuma relação. Meu filho cumpriu o que ele me prometeu, de não deixar ele (Rodolfo) dirigir se tivesse bebido”.

E acrescentou: “Uma pessoa que sai para uma festa para se divertir, leva uma arma, bebe e queria voltar dirigindo. É uma atitude extremamente irresponsável. Não gostaria que a morte do meu filho ficasse impune. Meu filho foi assassinado”.

Interrogado, Rodolfo Câmara afirmou que o disparo aconteceu quando Davi puxou a arma em direção a si mesmo, e o réu a puxou de volta. Disse não ter percebido, inicialmente, que o disparo tinha atingido a vítima, porque não viu sangramento. Relatou que não tinha motivo ou intenção de matar, e que ficou desesperado.

O réu admitiu ter feito disparos para cima com a arma, durante o trajeto para São Miguel dos Campos, e confirmou os diálogos narrados pelas testemunhas.

Segundo contou Petrúcio Soares Filho, que estava dentro do carro ao lado do qual houve o disparo, Davi disse que “se ele (Rodolfo) matar a gente no caminho, eu volto pra pegar ele”. Em seguida, Rodolfo disse “tu mata ninguém, gordinho” e imediatamente houve o disparo. A testemunha Arethusa Ribeiro Valente Afarelli não presenciou o disparo, mas disse que quando chegou ao local, Rodolfo parecia tentar “acordar” Davi, já deitado no banco do passageiro.

Defesa e acusação

O advogado Raimundo Palmeira, que faz a defesa do réu, sustenta que as provas indicam que o disparo foi acidental. “Em momento algum se admite que o réu puxou o gatilho da arma. Os autos demonstram que a arma estava sem o carregador. E a pistola 635, antiga como era, não aciona o gatilho sem o carregador. Eram inúmeros os casos de acidentes por disparo espontâneo da arma pela pressão, sacolejo, manuseio da arma”, afirmou o defensor.

Para o promotor Hermani Brito, que atua pelo Ministério Público no processo, o caso é complexo. “A acusação está baseada no instituto jurídico do dolo eventual. Ou seja, que o réu assumiu o risco de ocorrer o resultado. Consta nos autos que foi uma brincadeira. Ele, embriagado, puxou a arma, apontou pra vítima e disparou. Que foi provavelmente um acidente, tudo bem, mas existe o dolo eventual”.

O caso

O réu Rodolfo Câmara Amaral Calheiros é  acusado de assassinar o estudante Davi Hora Barros Omena após uma festa, em 2005. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Alagoas, o réu, a vítima e mais dois jovens foram a uma festa de São João no município. 

Segundo depoimentos, Davi Hora e os dois jovens tentaram convencer Rodolfo, que estava embriagado, a não dirigir para Maceió.

O réu Rodolfo Câmara Amaral Calheiros

O réu se recusou, dizendo “Eu vim dirigindo, vou voltar dirigindo”. Davi teria, então, dito: “Se ele me matar, eu volto para pegar ele”.

Rodolfo teria replicado: “Tu mata ninguém, gordinho”. Nesse momento, ele sacou uma arma e efetuou um disparo contra Davi, segundo o MP/AL. Rodolfo foi levado a júri popular, em maio de 2014, sendo absolvido. Na ocasião, ele negou a prática do crime e disse que o disparo foi acidental.

Em dezembro daquele ano, no entanto, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça anulou o julgamento. Os desembargadores entenderam que a conclusão dos jurados foi manifestamente contrária às provas do processo.


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