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SOS Tradição Nordestina

29/06/2022 - 19:53
Atualização: 29/06/2022 - 19:55

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É hora de começarmos um movimento pelo resgate e respeito às origens
É hora de começarmos um movimento pelo resgate e respeito às origens

Acharam pouco ignorar o frevo e marchinhas carnavalescas da festa do Momo ... agora descaracterizaram também os festejos juninos. O autêntico ‘pé de serra’ ficou fora dos arraiais em todo o Nordeste (faltou xote, baião e xaxado). O ritmo da temporada saiu da categoria de estrela principal, e quando muito, ganhou uma ‘palhinha’. 

Ou seja, atropelaram nossa cultura, impondo música eletrônica, funk, rap, sofrência e outros modismos que já são explorados corriqueiramente em outras datas do ano, e deixaram o repertório típico em última posição. Prefeitos e governadores, raras exceções, patrocinaram a desconstrução das raízes nordestinas. O pior é que pagamos por isso (e caro).

É hora de começarmos um movimento pelo resgate e respeito às origens da festa. Não seria demais um projeto de lei para trazer autenticidade aos palcos juninos, tornando obrigatório que 80% das apresentações sejam de bandas de forró (com sanfona, triângulo e zabumba), inclusive inserindo no repertório eternos sucessos de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, por exemplo. O forró estilizado entraria em segundo plano, acrescentando uma perspectiva contemporânea ao evento, mas o baião, xote e xaxado (que resgatam o forró pé de serra) jamais devem faltar em festejos juninos.

Inadmissível que artistas altamente representativos da cultura nordestina, como Flávio José, Flávio Leandro, Elba e Zé Ramalho, Jorge de Altinho e Alcimar Monteiro, entre outros, não tenham sido os preferidos nos festejos juninos públicos – alguns nem chegaram a cantar. Prefeitos e governadores mudaram o foco, vale a redundância: deram vez ao funk, sofrência, música eletrônica de boate, e pasmem... até rap. Nada contra o gosto de cada um, o problema é colocar isso num evento que consta no calendário civil como marco da tradição nordestina do nosso país.

O povão, é claro, jamais ficaria em casa com show de graça na rua. Teve casa lotada, teve mega estrutura, teve investimento alto (até demais), mas faltou qualidade e respeito à cultura popular.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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