colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A baixa global no preço do petróleo em 2020/23. E no Brasil?

07/08/2022 - 08:10
Atualização: 07/08/2022 - 08:48

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Agencia Brasil/Arquivo
Plataforma da Petrobras
Plataforma da Petrobras

O assalto petista à Petrobras nos governos Lula e Dilma como todos sabem, produziu um rombo nas contas da empresa da ordem de 40 bilhões de reais. E foi essa justificativa – errada - dos governos Temer e Bolsonaro para o “liberou geral” da politica de preços da estatal.

Que findou recentemente com a gasolina alcançando preços estratosféricos (em alguns estados, superiores a 11 reais e na média, superiores a 7 reais, o litro). Junto, vieram os aumentos dos demais combustíveis (álcool, diesel, gás de cozinha) que findaram por colocar o país em pede guerra contra o despautério dos preços dos combustíveis e do gás.

Também pudera. O “liberou geral” dos preços dos combustíveis no Brasil foi usado lá atrás como justificativa para cobrir o rombo provocado dos petistas à companhia. O que o brasileiro médio se pergunta é: por que a política que liberou os preços dos combustíveis (provocou até a revolta dos caminhoneiros aproveitada por Bolsonaro para tirar uma casquinha em prol da sua eleição) não foi modificada a favor de uma modacidade tarifária quando a Petrobrás no final do governo Temer (2018) tinha voltado ao azul com lucro líquido superior a 25 bilhões de reais?

O que convenhamos, num país aos frangalhos, coalhado de miseráveis, com o maior número de desempregados e subempregados de todos os tempos e uma renda média per capita de padrão africano, seria o certo a se fazer. Seria, por que quando se trata do setor energético, um dos mais corruptos dentre todos os demais setores econômicos brasileiros, isso só pode se tratar de um sonho.

Isso por que o setor é um transatlântico navegando na tormenta sem piloto (politica geral de caótica) e fazendo água por centenas de “buracos” (tarifas irrealisticamente altas para cobrir ineficiências gritantes dos players do segmento, subsídios e incentivos fiscais e outros encargos incompatíveis com o regime de mercado que o setor tanto defende (sic) e roubos, muitos roubos em suas entranhas.

Pior, sem que se divise um porto seguro para a sua ancoragem, ou seja, os ajustes que já deveriam terem sido feitos desde o fim dos governos militares que criaram um rosário gigante de penduricalhos nas contas de água, energia, petróleo, para ficar apenas nesses, para o brasileiro pagar extra fiscalmente). Alguém aí aposta um centavo furado que o tema vai passar ao largo das campanhas presidenciais?

O que o governo Bolsonaro fez recentemente obrigando a Petrobrás a reduzir na marra o preços dos combustíveis foram medidas cosméticas e com prazo de validade até as eleições. Depois, sabe-se lá o que irá acontecer, já que o poderosíssimo lobby do setor já age para eleger seus senadores e deputados que irão pressionar o governo.

Que, docemente constrangido irá inventar desculpas mil para voltar a esfolar ainda mais o brasileiro. Afinal, do lucro da Petrobrás no primeiro semestre desde ano (com a política do liberou geral em ação) que foi de “apenas” 98 bilhões de reais, metade foram para os cofres cambaleantes do governo federal que é o maior sócio da empresa...Nesse exato momento, lá fora, nos últimos dois meses, o mercado internacional de petróleo deu uma guinada geral na direção da reversão dos preços, com uma queda média na faixa de 20% (de 120 dólares para 94 dólares na última quinta feira, no fechamento do mercado).

Um reflexo direto das medidas duras tomadas pelos países desenvolvidos para o controle da inflação com o aumento dos juros pós seus BC, o que vai ajudar a restringir a demanda (aqui o governo continua insistindo em fingir que está tudo bem com uma taxa de 14% ao ano!) que que deve levar aqueles países à recessão em 2023, saindo dela em 2024; Junto com isso (os ricos), tomaram outras medidas objetivas para regularizar a oferta de petróleo e alimentos (no caso dos alimentos o mercado havia especulado por conta da guerra da Ucrânia com a Rússia, resultando em estoques elevados nos armazéns das nações do primeiro mundo).

Ainda no quesito redução de preços dos combustíveis, os grandes consumidores de gás europeus finalmente começaram a tomar medidas objetivas para reduzir o consumo do gás russo ( fator de instabilidade nesse momento) e a maioria, com as mudanças climáticas – agora sentidas mais claramente – iniciaram medidas objetivas para a substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa. Que devem começar já no curto prazo a influenciar a politica baixista do preço do barril de petróleo.

No Brasil, como o país não está fazendo dever de casa de reduzir a inflação e também “limpar” os penduricalhos fiscais e extrafiscais do setor elétrico (todos atrelados, claro, a reajustes via índices que absorvem a inflação atual), o que o governo fará? Irá repetir o Temer que pespegou no contribuinte - via conta de luz - os prejuízos que a política malsã da Dilma que desarranjou ainda mais os desequilíbrios do setor?

Fico pensando aqui com meus botões: o que estará sendo urdido no Brasil nos bastidores pelo lobby do setor da Energia para “reduzir” a redução dos preços dos combustíveis que fatalmente virá por conta da mudança dos ventos baixistas da política internacional do petróleo. E o que será que o governo (muito interessado nos lucros de suas empresas estatais do setor para ajudar a reduzir o seu sufoco financeiro) estará urdindo juntos os interesses das empresas em geral, dos brasileiros, da Nação?

Aguardemos o que farão no pós-eleições. Mas agora, os senhores estão sabendo que nada justificará o governo segurar e menos ainda aumentar os preços dos combustíveis...

A ver.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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