colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Sem antídoto, veneno mata

05/12/2021 - 07:56
Atualização: 05/12/2021 - 11:00

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Assessoria
Bolsonaro e Guedes
Bolsonaro e Guedes

Desde o inicio do ano tenho alertado que a rápida deterioração da situação econômica do Brasil poderia nos levar a uma estagflação em 2022 (estagnação, com inflação alta. O quinto dos infernos como apelidei a terrível situação). Pois bem, chegamos a ela ainda em 2021. O País já está tecnicamente em recessão (dois semestres seguidos de crescimento zero ou negativo), mas de fato, está mesmo é “estagflacionado” já que todos os índices para o quarto trimestre estão ancorando expectativas similares aos dois trimestres anteriores.

O país em crise e Bolsonaro-Guedes brincando com fogo querendo furar o teto, aumentar despesas sem cobertura orçamentária, dar um calote nos precatórios, criando orçamento secreto para roubar o dinheiro público e vai por aí.

Enquanto no mundo real, o PIB, de uma expectativa inicial exageradamente alta de até 6,5% de crescimento (cravei ainda em fevereiro e março, que – se muito – chegaríamos a algo em torno de 4% a 4,5%.) caminha para a frustração de um crescimento de 3,9%. Vamos terminar 2021 com um PIB menor que o de 2019. Enorme retrocesso.

E para 2022 – estagflacionados - a projeção para o PIB anda na casa de raros, rasíssimos 0,58% com IPCA (índice que mede a inflação) já superando a meta de 5%. Ao final desse (des) governo o país terá andado para trás e ficado ainda mais pobre que em 2019! Para 2023, com novo governo – os sinais da desancoragem da inflação em relação às metas do BC persistem - se situando em patamares superiores ao teto estabelecido.

Para visão mais ampla do quadro grave que 2022 nos reserva, a inflação que explodiu e já está acima de 10% em 2021 tende a crescer ainda mais até o final do ano, superando até a do infame governo Dilma Rousseff. O desemprego gigantesco não dá sinais consistentes de arrefecimento num governo socialmente insensível; O consumo das famílias está contido pela perda de renda e a inflação alta que corrói o dinheiro – especialmente de pobres e assalariados. O empobrecimento do país é inegável. Pessoas já desmaiam de fome em fila aguardando atendimento médico, outros milhares estão – literalmente - comendo lixo.

Para não falar do já precificado quadro de algazarra fiscal que campeia nas contas do governo; da pandemia que dá sinais de uma quarta onda para breve embananado ainda mais o quadro caótico do país; da crise hídrica e elétrica não enfrentadas adequadamente; da alta criminosa dos preços da gasolina e do gás praticados pela Petrobrás e seguido alegremente por toda a cadeia.

E o que dizer da estagnação do setor industrial (que sequer no período de encomendas para o Natal consegue crescer); da corrida do capital para fora do país; da instabilidade cambial; do furo – evitável - do teto de gastos para parlamentares roubarem ainda mais via emendas excrescentes sob desculpa que é para bancar o auxilio- miséria do governo?

Enquanto isso, Bolsonaro “só pensa naquilo”, na sua campanha reeleitoral que, com a economia em enorme crise, afunda a cada dia. E, quanto mais se vê acuado pela perda de votos, mais “inventa” novas despesas para comprar deputados, senadores, enganar a pobreza absoluta, alimentar apoiadores extremados e seus acólitos. Está irresponsavelmente fomentando uma crise ainda maior que a atual por ele exponenciada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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