colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Pobre Alagoas

12/09/2021 - 10:13

ACESSIBILIDADE

Agência Alagoas
Família em vulnerabilidade social
Família em vulnerabilidade social

O “modelo de negócio” político-institucional-oligárquico de Alagoas é – desde sempre– o responsável direto pela profunda vulnerabilidade social e econômica do Estado e por nos remeter ao quadro de pobreza multidimensional e outras iniquidades sociais e econômicas que nos coloca na rabeira de quase todos os índices competitivos dos Estados brasileiros.

O que se reflete de forma dolorosa na brutal escalada da pobreza que assola metade dos habitantes do Estado (dos quais 500 mil vivem em pobreza absoluta), nos massacrantes números da média salarial per capita que mal ultrapassa a metade do miserável salário mínimo, nos mais de 70% de semialfabetizados, na desertificação de 32% do seu território fruto das mudanças climáticas, do desmatamento e da ausência de politicas sustentáveis.

Típico dos modelos oligárquicos, a já muito frágil economia alagoana está em frangalhos. Aliás, nesse quesito, a descida da ladeira é tão grande, que o setor que mais arrecada impostos no Estado atualmente – Pasmem! - é o de combustíveis, isso mesmo, o que você usa no seu carro diariamente. Precisa demonstração mais cabal da quase falência do Estado?

Pensar em saídas que resgatem Alagoas desse pântano, nem pensar. Nesse quesito há um deserto de propostas ou projetos. Nem da academia, menos ainda dos órgãos de governo. A linha é a de sempre: o eterno lengalenga de que “o governo está ajudando os pobres”. Embora importante, não é isso que vai retirar o Estado da penúria em que se encontra, e da desmoralizante posição nos rankings competitivos nacionais. Uma vergonha incabível.

É preciso mudar o modelo da atual estrutura estatal hipertrofiada e autofágica apoderada por uma elite predadora e insensível que sufoca e aprisiona qualquer iniciativa de maior fôlego, ao sugar todos os recursos do orçamento para bancar suas oligarquias e projetos sem retorno.

E não adianta mais fazer cara de paisagem. O Estado está vivendo perigosamente à beira de uma nova crise, endividado, com uma das piores situações fiscais do país, segundo a secretaria do tesouro do ministério da economia, com sérios problemas estruturais (não dispõe, por exemplo, sequer de energia elétrica para atender a novos projetos),não como atrair empreendimentos privados de maior porte – que é o que o Estado precisa.

Na verdade, Alagoas está há muitos e muitos anos naquela situação do cachorro que tenta eterna e inutilmente morder o rabo: Andando em círculos inócuos, cavando o próprio fosso de atraso e subdesenvolvimento, paralisados pela inércia política, pelo tamanho do problema que aumenta a cada ano e pela incapacidade atávica de resolvê-lo, quando há soluções e elas estão bem à vista, só falta quem as enxergue. E enfrente.

Afinal estadistas sabem que barreiras e armadilhas postas no caminho para que tudo fique como sempre esteve, são a oportunidade para se demonstrar capacidade e liderança para dar a virada que todos esperam.

É preciso arejar o mundo político, modernizar a estrutura estatal, enxugar despesas quase todas deletérias, eliminar incentivos deletérios (e são muitos), não roubar, não deixar roubar, nem cobrar % absurdos para liberar recursos que são do povo para execução de obras de baixíssimo retorno social, econômico e financeiro para Alagoas. Passou da hora de se enfrentar essa situação.

Ou se dá um basta nesse estado de coisas e se muda esse modelo canibalizante, ou o Estado vai afundar ainda mais em pobreza e iniquidades.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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