colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Entropia política

16/05/2021 - 10:46
Atualização: 16/05/2021 - 10:48

ACESSIBILIDADE


O grau de corrupção do estamento político nacional de há muito ultrapassou todos os limites, superando surrealmente qualquer realidade distópica que a mente humana seja capaz de engendrar. E isso se reflete diretamente na imagem do país.

O Brasil ocupa o 94º lugar (dentre 180 países pesquisados pela Transparência Internacional) no ranking do índice de percepção da corrupção e o Congresso Nacional é a segunda casa legislativa mais cara do mundo. 7 vezes mais caro que o da Alemanha ou o da França (com seus 924 parlamentares, quase o dobro do brasileiro) e 20 vezes mais que o parlamento inglês, por exemplo. E custa o quadruplo do Argentino. Um absurdo.

Mas como esculhambação pouco é lucro, suas excrescências parlamentares e Bolsonaro que se elegeram com o discurso da anticorrupção, da modernização do Estado, da volta do desenvolvimento econômico e, há muito “esqueceram” suas promessas, elevaram ao grau máximo a capacidade de por a mão na botija dos recursos públicos. Coisa que com a entronização do Centrão no governo vai tomar ares de Tsunami logo, logo.

Congresso e governo federal organizaram uma mega falcatrua que agigantou o toma lá dá cá à custa do dinheiro público nos surrupiando 3 bi para que alguns deputados e senadores se lambuzassem – de novo – ao chafurdarem na lama fétida da baixa política para defender um (des) governo que vai na direção contrária ao da maioria da população infelicitando a Nação, e para segurar o impeachment do pior presidente da república da era pós redemocratização.

Por essa e por muitas outras, Bolsonaro começa a amargar rápida corrosão da sua popularidade (pesquisa Datafolha indica rejeição de 45% e aprovação de 24%...) que o deixa ainda mais dependente do Centrão e de seus “apóstolos” do toma lá dá cá. Os anões do Orçamento da década de 1990 devem estar exultantes: seus novos colegas conseguem ser mais ladrões que eles.

Este país tem sofrido nas mãos de ineptos, corruptos e gente totalmente despreparada para exercer funções públicas nos seus três níveis: Federal, Estadual e Municipal e, em suas três “castas”: a do Executivo, a do Legislativo e a do Judiciário, em todas as suas instâncias.

Bolsonaro e sua política de terra arrasada e só mais uma dessas vertentes. É só mais um despudorado que vai legar a este país até o fim do seu governo pelo menos 700 mil mortos pela COVID, uma estrutura governamental – novamente - dilapidada (graças aos seus “novos amigos” do Centrão), um campo político em farelos, com partidos sodomizados por seus donos e parlamentares rodando a bolsinha para o primeiro que apareça com grana à sua frente.

Também não vai realizar de verdade nenhuma das reformas estruturais absolutamente imprescindíveis para elevar o patamar do desempenho socioeconômico do Brasil.

E, o “conserto” dessas coisas, se torna mais difícil à medida que o desmonte avança por toda a superestrutura do Estado brasileiro. Veja o caso do Orçamento da União. Nem Dilma, o poste do ex-ladrão condenado nas três instâncias da justiça brasileira que o Supremo inescrupulosamente livrou das penas, nem Bolsonaro (no início do seu governo) formaram governos de coalização.

Resultado: o Congresso sem acesso ao dinheiro fácil das emendas resolveu alterar a Constituição e ampliar o seu controle sobre o Orçamento. Foi daí que a bagunça orçamentária recomeçou neste país. Em 2015, os parlamentares criaram a figura da cota mínima de emendas individuais obrigatórias. Agora já não precisavam tanto do Executivo para por a mão – ao menos em parte - da grana destinada às emendas no Orçamento da União.

Em 2019 ampliaram esse controle, criando as emendas obrigatórias das bancadas de cada Estado. E ainda em 2019 decidiram que o dinheiro das emendas individuais fosse repassado diretamente aos Estados e municípios, sem qualquer vinculação a projeto ou atividade (e lá iam eles, suas excrescências em busca de quem queria comprar (sic) a emenda a um certo custo, claro. Que em alguns casos, fala-se a boca pequena, de até 50%!)

Em 2020, a coisa despudorou-se. Foi recriada a malfadada emenda de Relator, muito usada na época do escândalo dos “anões do orçamento”, os pais das atuais excrescências parlamentares.

O Relator passou a deter uma massa de recursos (e de poder) para liberar direto aos seus colegas e aos ministérios, que alcançou 20 bilhões de Reais (valor repetido em 2021). Com isso, o Congresso passou de fato a comandar o Orçamento. E se sabe bem o resultado que se espera de uma raposa posta no meio de um galinheiro. Não deu outra.

Para o economista Marcos Mendes, do Insper, “Teremos cada vez mais pulverização de recursos em emendas paroquiais, empoçamento de verbas não gastas nem realocadas pelo relator, falta de dinheiro para investimentos de grande porte definidos pelo Executivo e pressão por mais gastos”.

Mas pode piorar. O presidente da Câmara pôs em votação emenda para aprovação do Distritão, modelo eleitoral que vai fragmentar ainda mais os partidos, dificultar as coalizões, e incentivar o individualismo eleitoral dos parlamentares. Vem mais pressão aí em cima do Orçamento se esse bagulho passar.

É no que dá inépcia irresponsável do governo Bolsonaro que na prática, por sua absoluta incapacidade de implementar sequer uma reles estratégia, abriu mão do poder de governar – entregando ao Centrão a tarefa – só para dizer depois que nada pode fazer.

Agora, tenham certeza total: vai piorar ainda mais se este país voltar a eleger o ex-ladrão e trazer o petismo de volta ao poder. Nem um e muito menos o outro tem qualquer compromisso com o país. São faces podres da mesma moeda corrupta, nauseabunda e safada que tomou de assalto a Nação desde sua redemocratização.

Precisamos dar um cavalo de pau nesses velhacos devassos libertinos e corruptos. Dar um basta na orgia que eles aprontam em detrimento de todo o restante da nação. Não podemos ficar de braços cruzados observando esses dois títeres se organizarem para concorrer sozinhos à presidência do bordel Brasil em que transformaram essa Nação.

Nenhuma democracia sobrevive a tamanho despautério.

Acordemos enquanto há tempo! Esses políticos nada mais são do que devassos velhacos que deveríamos enxotar da vida pública, dessa despudorada festa, dessa libertinagem a que chamamos de política. Precisamos substituí-los por homens e mulheres íntegros, mesmo que não santos, capazes de um diálogo desinteressado e de buscarem a composição dos diversos interesses em favor da população. Para isso, pelo menos, é necessária uma reforma política urgente, capaz de trazer democracia e transparência para os partidos e ideias e proposições para campanhas políticas espartanas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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