colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

No lodo do fundo do poço. E sem saídas

14/03/2021 - 09:29

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No período conhecido como a “década perdida” (1981 a 1990) a economia estagnou num crescimento mequetrefe de 1,6% a.a., a inflação disparou, houve forte descontrole monetário, o desemprego se agudizou e o (alto) endividamento externo quase levou o país a um défault, na esteira do aumento dos juros internacionais (e, claro, da gestão interna das finanças)

Na década seguinte (1991 a 2000) o PIB brasileiro cresceu em média 2,6% e na de 2001 a 2010, 3,7%. Registre-se que o avanço do PIB nessas duas décadas foi impulsionado de forma predominante pelo extraordinário crescimento global do agrobusiness nacional, em face do raquítico desempenho dos setores industrial e de serviços.

No período 2011 a 2020, o Brasil voltou a piorar o que já vinha ruim. O PIB do período teve uma evolução anual menor que 1%. Foi outra década perdida. E como tudo de ruim vem sempre acompanhado do pior, essa rota submergente tem nos empobrecido mais e mais em relação ao mundo refletindo diretamente na posição do Brasil no ranking mundial.

Em 1980, o país representava 4,3% do PIB mundial. Em 2020, 2,5%. Em termos relativos, é como se estivéssemos caminhando para trás vendo nossos concorrentes nos suplantarem em direção ao futuro.

E porque o país não reage? Por que há décadas não faz o “dever de casa”: realizar reformas estruturantes de verdade, privatizar ao máximo e acelerar as concessões, reduzir fortemente os incentivos fiscais, eliminar o protecionismo a setores não competitivos, melhorar radicalmente o ambiente de negócios, promover de fato abertura comercial, obrigar os Estados a equilibrar suas contas e, assegurar no mínimo 20% do orçamento para investimentos.

Agora, mesmo fazendo tudo isso, vamos levar pelo menos uma década para vermos de fato os resultados dessa “revolução”. E vale o alerta: para termos dali para frente um crescimento anual médio na faixa de 3% será preciso que o crescimento médio da produtividade alcance 2% ao ano ( problema: há 40 anos o Brasil não consegue esse feito...).

Mas no meio do caminho existe uma montanha de reações contrárias. Afinal, muitos serão os setores e os interesses atingidos. Que resistem sempre selvagemente a qualquer perda. Enquanto a sociedade brasileira incauta e despreparada assiste passivamente ao avanço desses setores sobre o pouco que ainda resta para lhe ser tomado...

E por último, a questão central. A política. Com este presidente que aí está ou com o resiliente cacique da esquerda caviar brasileira, jamais chegaremos a lugar algum. Vamos continuar patinando no lodo do fundo do poço do atraso, do baixo crescimento e do populismo de terceiro mundo que tomou conta deste país e inviabiliza qualquer avanço.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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