colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Mais um alerta

08/03/2021 - 08:43

ACESSIBILIDADE


A economia brasileira colapsou em 2020. Mesmo quando o tombo estimado que seria de 9% do PIB, tenha chegado a apenas 4,1%, embora um número que somente perde para a queda do PIB do governo Collor. Ainda assim, foi dos melhores desempenhos nesse quesito dentre as 12 maiores economias do mundo.

Esse desempenho, sem qualquer sombra de dúvida, foi reflexo direto do apoio que o auxilio emergencial instituído pelo governo federal, por pressão do Congresso Nacional representou para a sociedade e a economia brasileira. Sem ele o tombo seria muito maior. Vale dizer que o dinheiro aplicado no auxilio emergencial é dinheiro dos brasileiros aplicados em seu próprio proveito apesar do atual governo antibrasileiro, embora Bolsonaro espertamente tenha se apropriado e auferido politicamente do programa.

E por que estamos falando disso? A situação sanitária se agravou a tal ponto que, se não avançarmos muito rápido para um lockdown na sua acepção plena, ou seja, o fechamento de tudo por um período mínimo de 14 dias, podendo, se não for alcançada a meta de redução da transmissão, ser repetida sequencialmente, por igual período (como fizeram Alemanha e Reino Unido, por exemplo).

Estudos já publicados pelo Observatório COVID-19 e outros da mesma fonte atualmente no “forno” para sair, a variante do vírus surgida em Manaus é 2,5 vezes mais transmissível que o vírus inicial. Significa, em outras palavras, que a curva exponencial de contágio é muito mais agressiva e a sua disseminação de magnitude muito mais elevada.

E a ausência de politicas integradas de âmbito nacional para combater o vírus está levando o País célere para se tornar um pária internacional, isolado por conta da pandemia. Por ter se tornado laboratório de mutações graças a intencional omissão do governo brasileiro em combater a COVID-19, fruto da ação deliberada do Presidente da República e da desídia de governadores, prefeitos, congresso nacional, justiça e políticos em geral.

E isso vem trazendo sinais alarmantes para o desempenho da economia em 2021 e nos anos seguintes. Sou economista e pró-mercado, mas no momento já não cabe mais discutir a dicotomia mercado x vida. É preciso salvar as pessoas da morte, afinal, mortos não consomem. É preciso realizar urgente o lockdown.

Mas para isso, é fundamental que o governo renove ultrarrápido as linhas de crédito para as empresas não falirem na velocidade da primeira onda e institua de imediato o auxilio emergencial para as famílias mais pobres. E, por tempo indefinido, até que o vírus seja controlado. E claro, acelerar a aquisição de vacinas para imunizar o mais rapidamente possível a população. Afinal, todos sabem que, colapsada a saúde, a economia automaticamente mergulha fundo na recessão e, no limite, na depressão, indubitavelmente, o pior dos mundos.

Embora particularmente saiba que nada disso que aqui está proposto será considerado e menos ainda, implementado por nenhum dos níveis de governo, entendo como cidadão que é minha obrigação profissional registrar nossa posição. O futuro, dirá se estamos certos, ou eles, os políticos que governam este país de forma vil é quem estão.

Estamos num momento de ruptura na saúde e na economia, maior e mais grave que a ocorrida na primeira onda da pandemia. E a ele se soma uma sociedade literalmente dividida, mas ainda apática. Que, no entanto, pode se convulsionar logo, se a morte que hoje ronda a todos, se aproximar ainda mais – como começa a ocorrer - dos seus familiares, e a fome já generalizada, se tornar cadente. Variáveis que parecem estar se encaminhando para um encontro macabro para o país e seus cidadãos se as medidas sugeridas aqui (e outras no mesmo diapasão), não forem rapidamente implementadas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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