colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Uma boa notícia no meio do caos

05/03/2021 - 13:00
Atualização: 05/03/2021 - 13:01

ACESSIBILIDADE


Em junho passado o FMI estimou o tombo da economia brasileira em 2020 em inéditos 14% do PIB, número que se revelou ao final do ano exagerado: a queda foi de 4,1 do PIB, segundo o IBGE. Não por Guedes ou Bolsonaro. O auxilio emergencial criado pelo Congresso evitou o caos social que já se desenhava época e irrigou a economia com cerca de 240 bilhões de Reais.

A história se repete. Novamente o Congresso pressiona o governo para reinstituir o auxilio emergencial. O governo resiste, mesmo sabendo que foi essa ajuda não programada que acabou por “salvar” a economia nacional do tombo gigantesco previsto pelo FMI para 2020 que teria tido consequências imprevisíveis para a sociedade e o país. Um contrassenso.

Mas o despautério Bolsonariano vai muito além. O que se viu em 2020 foram tentativas de Guedes de promover alguma racionalidade ao caos promovido por Presidente ao longo destes agora 12 meses de pandemia, todas frustradas pelo chefe, ou por erros técnicos grosseiros da sua própria equipe, ou pela falta de tarimba nas relações com o Congresso. O fato é que foi mais um ano perdido para a economia.

E se acrescermos a esse rol os fracassos do programa de ajuda às micro e pequenas empresas na primeira onda da pandemia que acabou por fechar quase um milhão delas (número que deve crescer agora na segunda onda), o maior índice de desemprego de todos os tempos (14%) isso, sem contar o subtrabalho de ambulantes e os desalentados, ou a ausência de plano de saída para a enormidade da crise em que estamos metidos;

Ou as investidas diretas do presidente contra a Petrobrás, o Banco do Brasil e a promessa de fazer o mesmo no setor elétrico em sua sanha de gerar máximo caos possível no país para tentar novamente o golpe malogrado pela reação do STF em abril passado, em pleno pico da primeira onda da pandemia, chega-se a fácil conclusão que o posto Ipiranga já era.

Interditado por Bolsonaro e incompetente em viabilizar suas iniciativas liberais viu suas propostas de privatizações, de reformas tributária e fiscal, de reforma administrativa, o aprofundamento da reforma trabalhista, a reformulação dos imorais incentivos fiscais, naufragarem em solo seco. Guedes não apenas perdeu força política como queimou todo o seu capital pessoal. Virou um zumbi.

E isso se reflete de imediato na economia com os mercados reagindo fortemente a essas disfuncionalidades. A economia em 2021 já desacelerou. A projeção para o PIB deste ano é de crescimento de 2,9% segundo a ATIVA Corretora que estima para 2022, 2,4%. Ou seja, o país só voltará aos níveis de 2019 (ano péssimo em termos de crescimento econômico), em 2024.

Fruto do desastre desse governo, em 2020 o Brasil viu a maior saída de capitais externos de todos os tempos, as taxas de juros para rolagem da dívida explodirem e os prazos se estreitarem dramaticamente justo quando terá que desembolsar 643 bilhões de dólares para saldar seus compromissos externos entre janeiro e março deste ano.

No mesmo diapasão, a taxa Selic cujo menor patamar histórico foi alcançado em 2020 (2%), tem projetado pelo mercado para 2021 um aumento de 250%, que também estima um resultado primário negativo d 2,5% para o PIB e uma taxa de inflação que pode chegar a 6%.

Esse despautério Bolsonariano afinal começa a ter reflexos em sua popularidade, pesquisa realizada com 2002 pessoas entre 21 e 23 de fevereiro, pelo Instituto IPEC (substituiu o IBOPE Inteligência) informa que 58% das pessoas desaprovam o seu governo, contra 38% que aprovam. E que 61% dos brasileiros não confiam no Presidente. A população sai da letargia e começa a reagir contra o caos que o sociopata instalou nesse país.

Afinal um boa noticia!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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