colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Vacinação, incompetência e sem-vergonhice!

02/03/2021 - 14:42
Atualização: 02/03/2021 - 14:43

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Essa frase lhe lembra de alguém? “não entende quase nada, mas não entende quase nada com grande autoridade e competência”, parece que L. Longanesi ao escrevê-la tinha destinatário certo: o ministro da saúde, a autoridade em logística que Bolsonaro tirou do bolso para infernizar a vida de 210 milhões de brasileiros com sua vassalagem, obediência cega aos desmandos do chefe e incompetência elevada ao último grau.


Coroada agora por este triste episódio de falta de vacinas no país, arrematando meses de atropelo à verdade, defesa de meizinhas inócuas para combater a doença, negacionismo descarado e mortes, muitas mortes evitáveis, graças ao festival de equívocos e incompetência que trouxe a Nação ao cenário grotesco atual, deixando o cidadão brasileiro dependente da sanha dessas pessoas desqualificadas para os altos cargos que onde estão.


Quem não lembra a verdadeira batalha contra a ciência que Bolsonaro e seu ministro de algibeira vêm travando desde lá atrás para não contratar as vacinas que salvariam vidas. E que lhes foram oferecidas por vários laboratórios, só que a todos a dupla psicopata arranjava as desculpas mais desarrazoada para empurrar de barriga decisão vital para a vida dos brasileiros.


Resultado: dentre as 10 maiores economias do mundo, quem está na rabeira da vacinação da sua população? Quem tem sido motivo de alta preocupação quase diária da OMS pela forma estabanada como vem conduzindo a gestão da pandemia? Quem sequer tem um cronograma para apresentar à nação para que as pessoas fiquem sabendo (mesmo que aproximadamente) a data em que será vacinada? Um doce para quem apostar no Brasil.


Até a velhinha de Taubaté do Veríssimo, já sabia desde o inicio da pandemia que a solução para barrar os passos do vírus seria o surgimento da vacina. Estamos falando, portanto, de 12 meses atrás no tocante à COVID-19.


Perdeu-se um tempo vital para a contratação dos imunizantes, diferentemente dos países desenvolvidos. Para que se tenha ideia do grau de responsabilidade dessas Nações, o Canadá comprou 6 vezes mais vacinas que o necessários para imunizar sua população, o Chile, aqui ao lado, já vacinou 16% da população, o Reino Unido vai vacinar toda a sua população até julho, daqui há 5 meses. E o Brasil... bem, se continuarmos nesse passo de cágado, talvez no final de 2023 os últimos brasileiros estejam sendo vacinados. Não se espante, o dado é real, mantidas as condições atuais.

Mas como desgraça pouco é bobagem, a distribuição de vacinas neste país de Macunaímas tem sido outro colossal festival de erros. Grotescos, diga-se de passagem. Desabastecimento generalizado, ordens do Ministro da Saúde (sic) para se utilizar todas as doses, logo contraditadas pelo próprio Ministério, falta de concentração das vacinas em Estados ou regiões daqueles que estejam sob maior incidência da doença, nenhuma prioridade para Manaus onde se desenvolvia com máxima rapidez variantes mais agressivas do vírus.

O Capitão-presidente, tão cioso e centralizador dos seus desmandos, desta feita mandou o Ministro de algibeira promover o caos que estava faltando na vacinação: permitiu que cada um dos 26 Estados, o Distrito federal e 5.565 municípios decidissem cada um por si, quais seriam suas prioridades de aplicação. Típica irresponsabilidade Bolsonariana. A partir daí o que se viu foi uma torre de babel com cada município, Estado e o DF elegendo suas prioridades ao sabor das pressões locais. Uma babel.

Bolsonaro preferiu o caminho fácil do faz de conta, distribuindo proporcionalmente os lotes de imunizantes entre os entes federados sem qualquer orientação ou critério para a sua aplicação na população. Servindo apenas para que prefeitos e governadores fossem para a frente das câmeras se promoverem com as baboseiras de sempre.

Resultado: o país hoje já está totalmente contaminado pelas variantes de Manaus, as UTIS estão lotadas em 17 Estados e quase nos demais e só vacinamos menos de 3% dos brasileiros. E pior, até o momento as vacinas contratadas efetivamente mal atenderão 40% da população.

E nesse festival de absurdos que deixaria aparvalhado o grande Stanislau Ponte Preta não poderíamos deixar de citar que este país tem capacidade instalada para vacinar 2 milhões de pessoas/dia. Estamos imunizando 10% disso. E sabem porque? Com a quantidade de vacinas até agora distribuídas o trabalho teria sido realizado em 2 dias, aproximadamente, deixando mal na fita o governo federal e os próprios dirigentes locais que querem evitar a todo custo a pressão dos seus cidadãos pela vacinação.

É tudo uma grande sem-vergonhice que será paga pelos brasileiros com o pífio desempenho da economia em 2021 (repetindo 2020), com mais mortes de entes queridos por absoluta insensatez dos seus governantes e com a tragédia do desemprego que já toma ares de revolução.

Ou é isso que Bolsonaro quer para alimentar seu sonho golpista?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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