Mais dois anos de sobressaltos e infâmias
Essa semana, o Presidente da República eleito por prometer “acabar com a corrupção” endêmica que grassa neste país desde priscas eras e, que teve seu ápice nos governos petistas, “elegeu”, ou seja, comprou a eleição da câmara e do senado (com minúsculas mesmo) entregando à fina flor do Centrão o poder legislativo, e dela se tornando “docemente” refém no afã de evitar, dentre outras coisas, o seu impeachment.
De uma “baciada” como se diz no Nordeste comprou os votos de um coloio de deputados e senadores com dinheiro público (apelidado eufemisticamente de emendas parlamentares), loteando cargos para apaniguados de suas “excrescências” e prometendo entregar ministérios para os chefões do bando.
O Congresso Nacional outra vez acelera o passo rumo ao fundo da lama onde já chafurda há tempos, e com isso, a democracia neste país de Macunaímas se torna mais e mais um bem distante, fugidio.
Os representantes do povo (deputados) e dos Estados (senadores) não passam em sua maioria de representantes deles mesmos. E se sentem nesse direito, por que, via de regra, compraram suas eleições pagando uma mixaria qualquer aos pobres que eles fazem questão de mantê-los como reserva de mercado de votos de cabrestos.
A agenda de centro-direita de corte liberal, aquela que elegeu Bolsonaro, certamente não vai encontrar no Centrão terreno fértil para progredir já que, por exemplo, “menos Estado” é palavrão para os senhores que acabam de se assenhorar do Poder. Precisam do Estado paquidérmico e corrupto para alimentar sua fome por cargos e sua sede de dinheiro fácil. E quanto mais ineficiente o governo, maiores serão as suas demandas, e mais caro o apoio. Simples assim. Sempre assim. Repetitivamente assim.
A turma de congressistas que elegeu o Presidente da Câmara e o Presidente do Senado é a mesma (mudam nomes, mas o modelo permanece) que vem apoiando todos os governos eleitos desde Sarney. São profissionais no apoio a qualquer governo, desde que suas patranhas sejam atendidas. São filhotes do ex-deputado Roberto Cardoso Alves, um dos pais do Centrão que cunhou a frase definitiva que marca a trajetória do grupo: É dando que se recebe.
Se o Presidente não cumprir o prometido (e Bolsonaro não terá como, diga-se de passagem), ou se a economia andar mal, ou a gestão da pandemia não mudar para melhor e a população se voltar contra o Presidente, eles não terão qualquer prurido em migrar para a oposição para eleger o próximo presidente a ser achacado, já que nosso modelo presidencialista de resultados leva fatalmente a isso.
Até lá, vão se aproveitar o máximo desse governo fraco e incompetente e “chupar até o osso” o Estado brasileiro. Estamos para ver repetir a roubalheira dos governos petistas, só que agora sob a égide de profissionais da política experimentados na “arte” de produzir corrupção. Desta vez com o apoio da extrema direita Bolsonarista “cega e surda” aos malfeitos deste presidente de araque.
Não se deve esperar nada de bom nos dois anos que teremos daqui para frente.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA