colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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'Tá ruim? vai piorar', avalia colunista do EXTRA sobre a covid-19 no Brasil

17/01/2021 - 11:14

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Herick Pereira/ Secom
Essa é a terceira remessa liberada pelo Governo Federal que chegou ao Estado
Essa é a terceira remessa liberada pelo Governo Federal que chegou ao Estado

Há cerca de um ano o país assistia a evolução do Coronavírus na Europa que, mesmo com todo seu portento econômico-social, mais parecia um país de terceiro mundo com hospitais superlotados, mortos amontoados em carros frigoríficos já que era impossível dar vazão ao fluxo de cadáveres aos cemitérios, centenas de caminhões de seus exércitos sendo utilizados como substitutos de carros funerários levando os mortos para serem enterrados em valas comuns. Cerca de três meses de caos que logo eles ajustaram na medida da realidade possível.

E no Brasil? Entre janeiro até 15 de março enquanto observávamos o avanço do vírus no mundo, comemoramos efusivamente o ano novo, o carnaval, a volta às aulas, os mega shows de verão e praias cheias, foram o cardápio do brasileiro no primeiro trimestre de 2020.

Enquanto isso o presidente da república dizia que era uma “gripezinha”, o ministro da economia jurava por todos os juros que, agora sim, íamos crescer 3,5% em 2020 (sic!). Preparação para a chegada da COVID? Nem pensar! Até por que o negacionista seguidor aparvalhado do pavão americano, já fazia de tudo para tornar a vida do brasileiro um inferno ainda maior dali pra frente. Além de ensaiar com seus radicais de direita os primeiros passos da coreografia golpista que se acentuou nos meses seguintes.

Os resultados aí estão à vista de todos. Rapidamente o Brasil assumiu a segunda posição mundial em termos de pessoas mortas pela COVID-19 e nunca mais perdeu o posto. Mas não há nada que já esteja muito ruim e não possa ser piorada, afinal estamos no Brasil de Bolsonaro, o Caveirão.

Nunca conseguimos sair de verdade da primeira onda da doença. Nossa curva de regressão da doença, vertical em todo mundo, por aqui fez uma longa, longuíssima curva suave reduzindo os 1.300 óbitos de julho para cerca de 350 em outubro.

Daí chegou a segunda onda e tudo recomeçou. O governo federal inoperante, incompetente e negacionista continuou a boicotar tudo que pudesse ajudar no combate à doença, os governos estaduais e municipais, néscios, covardes e amedrontados pela pressão (justa por sinal, deveriam ter tido apoio financeiro para aguentar o tranco) dos empresários abriram tudo e nunca mais fecharão. E aí haja circulação de gente. E do vírus.

Fácil, o número de óbitos voltou a crescer e já quase alcança à média de mortes diárias de julho/agosto de 2020, o pico da COVID-19 por aqui. Atualmente morre uma média de 1.000 pessoas por dia. E a infraestrutura de saúde absolutamente sufocada, desestruturada após a pequena redução da doença na primeira onda não tem como absorver a demanda que se insinua para mais à frente. O caos do Amazonas pode se espalhar para outros Estados com estruturas insuficientes e inadequadas.

Sem vacinas suficientes, seringas, planejamento, logística (alô ministro especialista em logística, cadê), vamos levar anos até que a doença esteja sob controle no Brasil. Chegaremos ao final de 2021 com esses incompetentes deixando morrer mais alguns milhares de pessoas por absoluta falta de humanidade e uma enorme dose de insensibilidade e desprezo pela vida humana. E nada se observa de reação popular a esse despautério criminoso. Zé Ramalho na canção crava que somos um “povo marcado, povo feliz”. Seguimos bovinamente sem nada fazer para dar um basta nesse estado calamitoso de coisas que Bolsonaro e seus sequazes estão a nos impingir. Vai piorar, se nada for feito.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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