colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Chega de sacanagem com o povo brasileiro

13/12/2020 - 08:56

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Agência Brasil
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

Se este governo é o samba do crioulo doido personificado, a ala da saúde é o núcleo da insanidade amoral. Tal a repugnante, calamitosa e distante atitude desses sujeitos com a vida dos 215 milhões de brasileiros nesta pandemia.

Uma piada na web resume bem o sentimento do brasileiro sobre isso: “a gente não merecia Bolsonaro (e seu governo) e a Covid-19 no mesmo ano, até no Egito foi uma praga por vez”. É o humor refletindo a percepção do povo em relação a esse desgoverno.

Após 9 meses de ignomínias sequenciais na pandemia contra a população, Bolsonaro e seu ventríloquo ministro da saúde, especialista (sic) em logística que não consegue por de pé um reles plano de vacinação contra a COVID-19, se preparavam para fechar com chave de cinzas dos mortos pelo vírus, a atuação macabra do governo no período. 

Com máxima opacidade tentavam atrasar a aplicação da vacina nos brasileiros, criando todo tipo de embaraço à aceleração do processo e à agilização dos fluxos operacionais para tal. Mas foram surpreendidos pelo anúncio do início da vacinação na Inglaterra e a aprovação do uso das vacinas pelo Canadá, Arábia Saudita, Bahrein, México e EUA do seu ídolo Trump que correu à TV para anunciar a boa nova (já ciente que sua estúpida posição negacionista lhe rendeu a perda de uma eleição praticamente ganha).

Some-se, a simultânea pressão do governador de São Paulo que se insurgiu contra a letargia, a incompetência intencional e as mentiras deste governo para não acelerar a vacinação, ao avisar que se até o dia 25 de janeiro o governo federal não começar a vacinação, ele iniciará a de São Paulo e, a venda da vacina aos Estados que desejarem adquirir o produto do Butantã. O anúncio teve o efeito instantâneo de uma bomba de nêutron no âmbito do governo federal. Foi um avassalador Deus nos acuda! Dória não pode sair na frente!

Além disso, a ameaça do Congresso em tomar a frente das iniciativas de vacinação caso o governo não reaja adequadamente e a série de consultas feitas ao STF sobre a questão que, certamente, culminaria com posição favorável à aceleração da vacinação no país, deixou o Presidente pressionado por todos os lados.

E como sempre faz nesses casos, acovardado, mudou de posição transferindo culpas e mandando seu boneco de ventríloquo anunciar a nova posição do governo de acelerar a vacinação dos brasileiros, a autorização para compra de vacinas disponíveis no mercado e a estruturação da logística da operação. 

Só que o Brasil está chegando atrasado ao mercado e sem bons negociadores e um ministério das relações exteriores à sorrelfa, vai ter dificuldades para a aquisição imediata das vacinas. A vacina de Oxford na qual o governo apostou e aportou grana para seu desenvolvimento apresentou resultados pífios e agora busca se associar com a russa Sputnik para ver se melhora sua performance.

A vacina do consórcio internacional do qual o país é um dos financiadores ainda demora a sair. A Pfizer já avisou que só tem condições de oferecer vacinas ao país a partir de março – e ainda assim em pequena quantidade comparada à demanda brasileira - salientando que fez uma oferta em agosto deste ano, à qual não obteve resposta do governo.

Resta a Bolsonaro no curto prazo a “vacina do Dória” (como ele chama). O que poderá atrasar o inicio da vacinação já que esta opção o deixa desesperado, pois na sua visão estreita e tacanha, beneficiaria um concorrente direto na corrida presidencial de 2022. Na verdade, pelo andar da carruagem Bolsonaro ou Dória dificilmente estarão entre os preferidos para dirigir o país a partir de 2023. 

Mas isso é assunto para outra hora. Intuo que nesta próxima semana governadores e prefeitos terão que aumentar a pressão no sentido de agilizar a vacina do Butantã, a única possível de ficar disponível no curto prazo. A Nação aguarda que seus representantes, ao menos uma única vez, pensem na coletividade e exijam desse presidente rapidez e ação apolítica na questão da vacina. Ou vão correr o risco de irem direto com ele para o lixo da história.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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