colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Maceió: lições a tirar do primeiro turno

21/11/2020 - 11:15

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MP-AL / Reprodução
Alfredo Gaspar e JHC
Alfredo Gaspar e JHC

Maceió assistiu estupefata a outro rasteiro pleito eleitoral em termos da qualidade das propostas dos candidatos a prefeito para a cidade, e a mais lamentável e iníqua exploração da pobreza e da miséria humana em nome da conquista do voto dos sempre desassistidos. 

Lamentável, porque os reais e graves, alguns, gravíssimos problemas da cidade – afinal para o que esses senhores estão se candidatando a resolver – sequer foram arranhados ao longo dessa campanha coalhada de imoral pieguice para com os pobres, de indecentes mentiras para enganar de novo o “pessoal do Biu”, ou o “pessoal das grotas” como eles chamam (e de outros redutos de pobreza também). 

Lamentável porque não se discutiu, menos ainda, se propôs saídas para a caótica situação viária que atinge diretamente a 700 mil pessoas, 70% da população que mora no Farol e na parte alta da cidade (Eixo VLR?, duplicação da Menino Marcelo?...) que, aliás ficaram órfãos de qualquer outra proposta séria dos candidatos para a região, como se mais de 2/3 das pessoas da cidade de Maceió não existissem, não fossem parte importante da cidade. 

Lamentável, porque preferiram mostrar as belezas de nossas praias, sem sequer tocar em soluções para o gritante problema da poluição das mesmas que afeta diretamente a saúde da população e o turismo, nossa principal indústria.

Mais lamentável ainda, porque tergiversaram sobre a Braskem, empresa que matou 4 bairros da cidade, ameaça a Lagoa Mundaú e infernizou diretamente a vida de 50 mil maceioenses. E que, se religada, continuará a ameaçar potencialmente a vida de outro meio milhão de pessoas em caso de grave acidente em suas instalações. Maceió quer isso? Mas os candidatos insistem no lero-lero e não assumem que a cidade quer vê-la longe do seu aglomerado urbano. 

Maceió é uma cidade com pouco verde, praças abandonadas, sem lazer nas áreas mais pobres, sem o mínimo de ciclovias, sem áreas adequadas para os jovens praticarem esportes. Mas, lamentavelmente, os candidatos não falam disso, não apresentaram projetos consistentes, só promessas vagas. Não enxergam a cidade e suas necessidades.

Por que não param com falsas proposições e apresentam soluções concretas para a criminosa falta de assistência à saúde, especialmente dos mais pobres? Para a educação pública de baixíssima qualidade que entrega à sociedade adolescentes semiletrados, semialfabetizados que irão manter o status quo de Maceió como uma das cidades mais atrasadas e violentas do mundo?

Por que não denunciam o acordo de bastidores para a aprovação do futuro plano Diretor da cidade elaborado por e para beneficiar certos lobbies em detrimento do resto da população?
Tem muito mais. Mas o espaço não dá. 

Não à toa, 35,55% da população não foram votar, ou votou em branco ou nulo. 210 mil pessoas! Mais de 1/3 da cidade disse não ao baixo nível das propostas dos candidatos. Não é preciso ser especialista para se entender esse recado. Mas, eles e seus marqueteiros vão continuar fazendo vista grossa e ouvidos moucos a isso, e continuar a oferecer pão e circo, para arrebanhar o voto do exército de pobres sempre tratados como reserva para eleições.

Que futuro para essa cidade!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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