colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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A volta da que não foi

18/11/2020 - 10:39

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A história da COVID-19 no país pode ser contada em três tempos. Tempos Bolsonarianos. No tempo 1, segundo ele, ela era só uma “gripezinha”, preocupadíssimo com sua reeleição. Só que a COVID já havia causado 60 mortes apenas no primeiro mês no Brasil...

No tempo 2, de abril até as eleições de 15 de novembro, o vírus avançou célere até alcançar o absurdo número de 170 mil infectados, colocando o país como vice campeão mundial em óbitos pela doença. Só perdemos para os EUA do ídolo de Bolsonaro.

Nesse ínterim o déspota pouco esclarecido fez de um tudo, como se diz no Centro Oeste para boicotar todas as iniciativas voltadas a minimizar a pandemia em nossas terras. Viessem elas de seu próprio ministério da saúde (demitiu 2 ministros), de governadores de Estado ou Prefeitos municipais, médicos. Quem defende a ciência e a vida se torna, automaticamente, seu inimigo.

O comportamento celerado, de má índole, perverso mesmo, foi durante todo esse tempo, sua marca registrada. Frases como a medonha “todos vão morrer um dia”; ou a mentirosa “a hidroxocloroquina está dando certo”; ou a boçal, campeã da insensibilidade “E daí?” viraram símbolo da sua mesquinhez tacanha, do seu hedonismo doentio, da sua ignorância estudada. Enquanto isso as pessoas morriam às pencas. E chegávamos aos 170 mil óbitos de hoje (17).

Sua pressa em “abrir tudo” com medo de perder a reeleição, já mostrou que teve efeito contrário. Nas eleições de 15 de novembro seus candidatos foram trucidados pela falta de votos e os raros que estão indo para o segundo turno, são “cabras marcados para perder”. O Bolsonarismo está voltando ao inferno do baixo clero político, de onde nunca devia ter saído.

No tempo 3 que começa agora, as pessoas que sequer tiveram tempo para dar um respiro, já que a curva brasileira de redução de propagação do vírus ficou mais para uma “marolinha” (isso lembra alguém?), precisam agora se preparar para a segunda onda da COVID-19 que já está entre nós. São Paulo confirma aumentos de mais de 60% nas internações em relação à semana passada e uma projeção de recrudescimento da pandemia. É questão de pouco tempo para a COVID-19 voltar a explodir por aqui.

Se esse país fosse sério. Teria que fechar tudo agora, já. Mas não é. O governo federal nada irá fazer nesse sentido, e os governos estaduais e prefeituras, especialmente onde haverá segundo turno nas eleições para prefeito, só vão tomar – tarde - apenas medidas paliativas para contenção da circulação do vírus.

Nenhum político toma medidas restritivas às vésperas de eleições. Ainda menos com a pressão do comércio para não “perder o Natal”. Foi por não “perder o verão” é bom que se registre, que a Europa viu recrudescer a pandemia e agora está fechando tudo...

Antes, bem antes da chegada da vacina para todos no Brasil veremos o recrudescimento da pandemia entre nós. Queira Deus que, com a abertura total em que estamos, as medidas apenas paliativas que serão tomadas e a desmobilização da infraestrutura nos estados e municípios, não venhamos a ter uma tragédia de enormes proporções.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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