colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

2021 VAI SER O BICHO

11/11/2020 - 14:55
Atualização: 11/11/2020 - 15:03

ACESSIBILIDADE


O presidente até aqui descumpriu a quase totalidade das promessas de campanha. Teve (e continua tendo) uma atitude pífia que beira mesmo o criminoso no tocante à condução do   problema da COVID-19 no Brasil, que já matou mais de 160 mil pessoas (só perde mesmo para os EUA do seu ídolo e patrão Trump); apoiou grupos golpistas frustrado na undécima hora pelo tão mal afamado STF e sob o silêncio estridente dos militares, que o apoiam.
Praticamente entregou os destinos internacionais do país para ser gerido de acordo com os desejos do seu mestre Trump; Está arrasando as estruturas de fiscalização brasileiras, minando-as ou simplesmente “apagando-as” do organograma, em nome da defesa dos filhos atolados em denúncias de crimes diversos, utiliza órgãos de Estado como o ministério da Justiça, a policia federal, a AGU para fins particulares; Nomeia um “adido” para chefe da procuradoria geral da república e um ministro para chamar de seu para o Supremo (que “coincidentemente” tem como primeira missão, julgar um pedido contra o filho senador do “affair” brasileiro do Trump).
Tudo em razão reeleição e proteção do filho senador processado. Mas ainda assim sua popularidade não cai. Pelo contrário, cresce. Então, afinal, o que está acontecendo?! Talvez Fareed Zakarla, professor de relações internacionais na Universidade de Harvard, autor de inúmeros best-sellers como o recém-lançado 10 Lições Para o Mundo Pós-Pandemia, editor da NewsWeek Internacional, colunista do Washington Post e principal analista de política externa da CNN International, tenha uma explicação para isso, a partir da análise do perfil de Trump.
“Donald Trump passou por um impeachment, uma pandemia, uma grande depressão econômica... Temos 12 milhões de pessoas desempregadas. E seu nível de aprovação é o mesmo de antes (a eleição recente comprovou isso). Estamos em um novo mundo em que a política se tornou uma realidade tribal, cultural, na qual você se identifica com o seu time. É como o esporte. Se o seu time vai bem, você torce. Se ele vai mal, você se mantém leal”.

Explicado?

De “férias” na presidência da república desde que tomou posse, Bolsonaro nada decide, só atrapalha. E quando resolve intervir é para defender sinecuras de funcionários públicos ou de militares. Foge pela tangente dos reais problemas da Nação e, quando forçado, engata uma ré e deixa – covardemente na mão - o autor da proposta.
Este ano ele vem escapando de suas responsabilidades usando a desculpa da COVID-19. Paralisou o andamento das absolutamente necessárias reformas tributárias e administrativa, impediu o andamento do orçamento para 2021, aumentou salários de militares e funcionários públicos em plena crise econômica, bloqueou iniciativas para redução do custo da máquina administrativa federal, premiou a indústria de jogos eletrônicos e a automobilística com mais incentivos fiscais, enfim, pintou o diabo. E descobriu as delicias da vidinha de viagens prá lá e prá cá com dinheiro público para inaugurar obras construídas pelo PT ou por Temer. Fazer algo proveitoso para melhorar as condições do Brasil e dos brasileiros que enfrentam uma das maiores crises? Nem pensar!

Finalizada as eleições no Brasil será preciso por a mão na massa (coisa que ele não sabe, não tem condições e não quer fazer). O país caminha a passos lépidos para sua maior crise (maior até que a provocada pelo PT) e a porta de saída que prevemos ser 2024 - se começarmos agora a fazer o dever de casa – vem sendo insistentemente fechada por ele e Paulo Guedes. É necessário aprovar ainda este ano a reforma tributária e a administrativa, assegurar a manutenção do teto de gastos, aprovar com fortes cortes o orçamento para 2021 (era prá junho), indicar as medidas de contenção de gastos para os próximos anos para sobrar “algum” para investimentos e manter funcionando a máquina administrativa. Além disso, é preciso atentar que, brevemente, o país enfrentará uma segunda onda da COVID-19 levando a situação ainda mais difícil.

Uma nova onda levará ao aumento do desemprego (dos atuais 12 milhões para inauditos 16 milhões de pessoas, ou 40 milhões de pessoas sem ocupação, se somarmos os desalentados), quebrarão ainda mais pequenas e micros empresa (mais de 750 mil já fecharam); o tamanho da divida aumentará para bem mais que 100% do PIB, os juros cobrados pelo seu serviço saltarão para cima e os prazos de pagamento da mesma encurtados. A inflação (que voltou firme) crescerá corroendo a renda dos pobres; investimentos públicos tenderão a zero por total falta de recursos do governo e as contas públicas explodirão. Será assim, de pior a pior.
A percepção de que a situação fiscal brasileira se deteriorou muito em 2020 é agora universal. A redução do atual auxílio emergencial eliminará o ensaio de recuperação do consumo; a forte redução do investimento estrangeiro no país (menos 20 bilhões de dólares em relação a 2019 e ainda mais restrições para 2021) é um enorme problema para o país e para suas contas; a
enorme desvalorização do Real já em curso, a “festa” com o dinheiro público que continua rolando em Brasília, com elevação dos gastos do Executivo, Legislativo e Judiciário, como se nada estivesse acontecendo e, um ministério da economia sem rumo e desprestigiado, são o caldo de cultura “perfeito” para graves problemas em 2021 na economia brasileira.
Tomara que eu esteja completamente errado, por que senão, vai ser o bicho.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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