colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Até quando ?

10/11/2020 - 13:46

ACESSIBILIDADE


Chama a atenção, desde o período imperial, diga-se de passagem, a forma como as eleições são preparadas, conduzidas e controladas pelas elites dominantes de cada época. O fatalista diria: é assim mesmo, isso nunca mudará. Já os truístas metaforicamente defendem que as eleições dão ao povo a decisão da escolha e o direito à participação política. 

Até acontece algumas vezes. Mas apenas algumas vezes, que é quando “ungidos” designados pelos mandantes para vencer perdem para alguém eleito pelo povo. Só que nesses casos, logo se dá um jeitinho de formar maioria “oposicionista” (transacionadas na calada da noite, ou via outras artimanhas que o espaço não permite relatar) e o eleito pelo povo dança, ou passa a dançar conforme a música dos poderosos. Na quase totalidade, a segunda opção vence.

Em Maceió, dos anos 1960 para cá, me parece que só Sandoval Cajú se coloca nesta situação de alguém fora do poder vencer as eleições e governar de certa forma independente (até a elite mandante “convencer” a ditadura de cassá-lo, ou, seja, no frigir dos ovos alcançaram seu objetivo de sempre que é não dar acesso ao povo ao poder).

Um salto no tempo e chegamos a Maceió 2020. Uma rápida olhada na eleição para prefeito da cidade confirma a tese: a composição de poder por trás dos três candidatos com maior intenção de votos (o espaço não permite ampliar o leque a todos), reflete o jogo de mando de sempre.

De um lado, o septuagenário e pouco produtivo clã Palmeira que aliou-se ao quase cinquentenário clã Calheiros que se insere no mesmo diapasão da (péssima) condução dos destinos de Alagoas. Que, aliás, durante o tempo de mando dos dois, continuou na rabeira de praticamente todos os rankings de desempenho econômico-social do país. 

De outro, está o grupo que representa parte significativa da improdutiva e enrolada assembleia legislativa e alguns deputados federais (embora seu candidato pareça querer esconder isso), de quem pouco se deve esperar em termos de resultados para a sociedade. Há exceções, claro, mas são deputados alijados do jogo por ter postura diferente da maioria. 

Um terceiro grupo, mais jovem, busca abrir espaço para avançar rumo ao poder vendendo a imagem de independentes, mas escondendo o sobrenome do candidato, ligado à velha política praticada desde sempre nas Alagoas e outras inúmeras figuras tarimbadas, de histórias cabeludas, que lhes acompanha. 

Todos prometem tudo, sabendo impossível cumprir promessas inverossímeis. Numa continha rasa, se todo o orçamento municipal fosse destinado apenas para suas promessas, ainda assim não daria para atendê-las. E fica pior quando se sabe que com a prefeitura e o Estado quebrados e as portas da União fechadas por sua própria crise e pelo irresponsável e milionário endividamento recente da Prefeitura para outra obra inócua (mesmo com parecer contrário do Tesouro Nacional), o que a cidade sorriso (incongruentemente, uma das maiores populações de desdentados do país) terá, é o mais do mesmo de sempre.

A não ser que o eleito surpreenda e, assumindo, dê uma banana a seus apoiadores. E demita os milhares de apaniguados aboletados na prefeitura e tome as demais medidas saneadoras que permitam fazer “sobrar” algum recurso para cumprir parte de suas promessas. Mas aí a conversa já é outra, e a história mostra que isso quase nunca acontece, lembram?

Até quando...

Até quando?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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