colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Um já foi, falta o nosso

08/11/2020 - 10:49

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Donald Trump
Donald Trump

A derrota eleitoral de Donald Trump tem vários significados para os Estados Unidos, interna e externamente, sai um mentiroso compulsório, narcisista doentio e extremista de direita, com tudo de ruim que essas qualidades possam ter num ser humano e, entra a política tradicional, não extremada, liberal, discreta e pouco afeita a escândalos ou arroubos personalistas.

São modelos antagônicos de governar e de fazer política. É o fim do cowboy valentão que saiu comprando brigas no mundo inteiro e perdendo todas (para a China, para a inusitada Coréia do Norte, para o Irã, para Cuba e até para república cocaleira da Venezuela de onde não conseguiu apear o ditador de plantão). O que ajudou a acelerar ainda mais rapidamente, a sensação de fim do império ianque no mundo, embora o país ainda vá permanecer como primeira ou segunda potência mundial, por muito tempo.

É também uma pá de cal no extremismo da ultradireita americana, racista, xenófoba, de práticas nazistas: distorção dos fatos a favor, criação de narrativas inequivocamente mentirosas, desagregadoras, irresponsáveis e, de violência própria daquele grupelho.

No mundo, a eleição de Biden provocará poucas mudanças nas relações econômicas da potência mundial com as demais nações ou grupos de nações que com ela transaciona. Mas, politicamente, joga uma montanha gigante sob as pretensões dos radicais populistas da ultradireita que governam países como Polônia, Hungria, Itália (com atenuantes a partir das últimas eleições) e Brasil.

Se bem que não se pode definitivamente dar ao governo Bolsonaro qualquer conotação política, vez que se trata tão somente de um oportunista radical que se associou interesseiramente ao extremismo da direita mundial.

No Brasil, 9ª maior potência econômica do mundo, mas relegada politicamente pelo governo Bolsonaro a mero sabujo dos interesses americanos, a chegada de Biden manterá a pressão econômica, por exemplo, para a saída da empresa chinesa de tecnologia Huawei da briga pelo 5G no país, mas não deverá promover fortes interferências políticas por aqui.

Desde que os arroubos idiotizados do presidente sobre temas internacionais que ele desconhece e, não têm interesse em conhecer, já que seu único é se reeleger, sejam contidos pelos novos amigos do Centrão (sic). Independente disso, internamente, está aberto o flanco para a entrada em cena dos verdadeiros liberais, de grupo de centro ou uma combinação dos dois na próxima eleição presidencial, num Brasil paralisado pela iníqua gestão (?) Bolsonaro.

Apenas é preciso ficar atento e se organizar para evitar que o pretenso clone de Trump – mas que não passa de um lambe botas - que está a frente do país, queira aprontar por aqui o que seu radical guru está tentando fazer na maior democracia do mundo, e já está se dando mal.

Peço licença, mas não posso resistir à figura de linguagem utilizada por Rui Castro em artigo na Folha de São Paulo de ontem, para caracterizar a patética figura do presidente “Em Brasília, do banquinho em que se senta sobre a traseira e saliva ao ouvir a voz do dono, Jair Bolsonaro acompanha, extasiado e temeroso, a eleição americana. ... está recebendo (mais uma) lição de trampolinagem política, à base de coices na democracia”. Perfeito.

E sabem por que Trump está fazendo e Bolsonaro vai copiá-lo? Porque ao deixarem o poder, correm altíssimo risco de serem processados por seus atos insanos à frente dos seus países.

O comportamento criminoso de Bolsonaro em momentos cruciais da República como a visceral oposição ao combate à COVID-19, a energúmena atitude contra a vacinação das pessoas contra o vírus, sua meia tentativa golpista, ou seus movimentos para desmontar as estruturas de controle da Nação unicamente para proteger o filho senador, comprovadamente enrolado em falcatruas diversas, são apenas uma amostra mínima do que lhe espera fora do poder quando terá que responder por cada uma delas.

O Brasil vai sair dessa e se livrar dessa figura nociva. E não será para trazer os corruptos e a corrupção endêmica petista.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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