colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O milagre da multiplicação dos 5%

28/10/2020 - 14:25

ACESSIBILIDADE


O mundo evoluiu, o digital já está presente na vida de todos, a inteligência artificial e as tecnologias 4.0 são uma realidade transformadora, mas na política, e em especial, nas campanhas eleitorais, os políticos, a maior parte incapaz de passar num concurso para ajudante de almoxarifado, continuam a praticar aquele mesmo velho jogo de engana bobo, como se o eleitorado fosse um amontoado de idiotizados a seu dispor para eles alugarem os ouvidos e tempo com suas propostas imbecis e – elas, sim – idiotas e de baixíssimo nível. 

Num conluio candidatos-marqueteiros pagos a peso de ouro – mas que “formatam” os candidatos da pior forma possível – insistem em engabelar o cidadão incauto e pessoas analfabetas ou semianalfabetas com histórias da carochinha.

Veja-se o caso de Maceió. A Bíblia relata em quatro evangelhos (Mateus 14:13-21, Marcos 6:31-44, Lucas 9:10-17 e João 6:5-15), o milagre da multiplicação de 5 pães e 2 peixes realizado por Jesus para alimentar uma multidão de 5 mil pessoas, tendo ainda sobrado 12 cestos cheios de alimentos. Um prodígio digno do filho de Deus.

Na campanha para prefeito de Maceió, os principais candidatos a alcaide parecem querer replicar o fenômeno do Cristo, transformando “milagrosamente” os 5% previstos para investimentos no Orçamento da Prefeitura para 2021 (os 95% restantes já estão comprometidos com a “burrocracia”), numa miríade de propostas “marquetadas” em grande parte inexequíveis, feitas pra “inglês ver”. 

A cidade sorriso (desdentada), sofrida, pobre e sempre na rabeira dos rankings de desenvolvimento (segundo o Índice de Desenvolvimento Municipal/2018 da Federação da Indústria do Rio de Janeiro, é a antepenúltima colocada das capitais do país). Mas pelo que se depreende das promessas dos candidatos, Maceió, magicamente, vai se transformar no lugar dos sonhos para se viver e trabalhar (sic) após a eleição. 

Não vai. Muito ao contrário, temos alertado que a brutal crise que já afeta o país incidirá ainda mais ainda mais nos estados e cidades mais pobres. E pior, nenhum deles informa ao eleitor que a Prefeitura de Maceió está literalmente quebrada há muitos anos e nada vai mudar no curto prazo de 4 anos, seja quem for o eleito. 

Além da brutal crise econômica que nos aguarda, a atual – e inoperante – gestão aprofundou o problema ao endividar a Prefeitura em mais de US$ 100 milhões (mesmo com parecer contrário do Tesouro Nacional que classificou Maceió com a mais baixa nota do seu ranking). Empréstimo que logo, logo, terá que começar a ser amortizado... 

Some-se a isso o completo esfacelamento dos quadros técnicos do município, com poucos, raros profissionais com experiência, conhecimento e visão dos problemas da cidade, e temos outro sério problema: a insuficiência de pessoas qualificadas para ajudar na condução adequada do dia a dia da administração. E isso é apenas a ponta do iceberg.

Como não acreditamos em mágicas, nem em salvadores da pátria, nas próximas 3 edições vamos enumerar aqui os mais graves problemas da cidade e, na medida do possível, cotejar as propostas dos candidatos para minimizá-los. Quem sabe eles não se despem dos personagens criados pelos marqueteiros e assumem o papel que todos esperam pelo bem da cidade? 

O atual baixo entusiasmo do eleitor às suas “propostas” e a projetada alta abstenção sugerem mudanças, mais comprometimento e respeito dos candidatos aos eleitores.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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