colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O eleitor tem árdua tarefa pela frente

19/10/2020 - 13:51

ACESSIBILIDADE


O economista Milton Friedman, líder da escola liberal oriunda da Universidade de Chicago, afirmou certa feita que “se colocarem o governo para administrar o Deserto do Saara, em cinco anos vai faltar areia”. Nada mais apropriado para definir governos e governantes.

No Brasil, isso é ainda mais superlativado. Vejamos um dos ângulos dessa questão: o que se gasta com as câmaras municipais, assembleias legislativas e o Congresso Nacional equivale à soma do PIB de 16 capitais brasileiras. Ou mais que o PIB de 43 dos 180 países existentes...

Querem mais? Em 2015, o gasto com o poder Legislativo em seus três níveis foi superior às despesas de 9 ministérios juntos (Agricultura, Justiça, Relações Exteriores, Esportes, Indústria e Comércio, Cultura, Meio Ambiente, Turismo e Ciência e Tecnologia). 

Ou que tal saber que o número de funcionários do Congresso Nacional suplanta a população de 4.400 dos municípios do país? Ou que, somados, os vereadores do Brasil, seriam um município com “população” maior que 90% dos municípios brasileiros? É tudo um enorme despautério. 

Ainda mais quando se aprofunda o olhar na “produção” legislativa de suas “excelenças”. Há cerca de 2 meses, por exemplo, o Congresso aprovou o aumento da verba do Fundeb, o fundo para a educação básica. Só tem um “pequeno” detalhe: estudo do Banco Mundial constata que com uma pequena melhoria na eficiência da educação seria possível manter o padrão atual com 37% MENOS recursos no ensino fundamental e 45% MENOS no ensino médio...

Outro exemplo? A taxa de fertilidade no Brasil vem caindo ano a ano (está agora em torno de 1,8), mas a lei continua exigindo que os municípios gastem os mesmos 25% das suas receitas com educação, desconsiderando que – ano após ano – tem havido efetiva DIMINUIÇÃO do número de alunos. Ou seja, os municípios estão sendo obrigados a gastar mais e mais (e com Fundeb aprovado, mais ainda) por aluno, sem que esse gasto seja necessário. É mais dinheiro jogado pelo ralo ou que “sobra” e vai para a corrupção.

Nas próximas 3 semanas vamos dar uma passada em algumas das principais propostas dos candidatos para Maceió e na produção dos atuais vereadores nessa legislatura. Não se surpreendam com propostas irrealizáveis, projetos inexequíveis, redundantes ou sobrepostos (lembram-se da citação de Friedman no início desse texto?)...
É importante ficar atento às promessas mirabolantes ou à produção daqueles que ora estão em mandato. Pergunte sempre COMO ele irá realizar suas promessas e de ONDE virá o dinheiro para tal. Mais de 90% deles certamente não terão resposta a esses questionamentos.

Recuse coisas como “vou buscar recursos em Brasília”, ou “farei estudo completo da situação”, etc. O candidato que teve todo o tempo do mundo para se preparar e até agora não sabe como fará para materializar suas promessas, é um impostor. E para os que têm mandato, perguntem o que eles fizeram pela cidade. Você pode se surpreender com o vazio das respostas ou a iniquidade dos “projetos” que eles aprovaram...

E mais cuidado ainda com os que se auto rotulam de “pai/protetor” dos pobres, ou de “executivos” (por ter curso “caça-níquel” de uma semana em alguma universidade de renome) com ampla visão dos problemas da cidade e capacidade para resolvê-los. E mais ainda com aqueles que prometem soluções a partir do dinheiro público que não há. 

O País, os estados e as cidades estão quebrados. Ademais, só acontece desenvolvimento econômico em uma economia capitalista via o setor privado e nunca pelos caminhos tortuosos dos governos.
O eleitor tem árdua tarefa pela frente.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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