colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Os candidatos a alcaide estão aptos para o cargo?

28/09/2020 - 13:37

ACESSIBILIDADE


O homem levou séculos para avançar do uso puro e simples da força humana para gerar a energia necessária à produção de coisas até o advento da revolução industrial. Que através das máquinas passou a produzir a energia que fez o mundo dar um salto geométrico, e em pouco mais de 200 anos transformou a história da humanidade.
A partir principalmente da década de 1970, vimos o alvorecer de uma nova revolução: a da tecnologia da informação que, em menos de 50 anos, está consolidando um salto quântico qualitativo na forma do mundo produzir coisas através das tecnologias 4.0 e soluções tecnológicas 5.0 (em fase embrionária) voltadas para o bem estar da sociedade e do planeta. 

Mas são avanços seletivos. Segundo o Fórum Econômico Mundial, atualmente apenas 25 países usufruem plenamente das vantagens das 4.0. A América Latina patina. O Brasil está atrasado. Ainda titubeiam entre as tecnologias 2.0 e 3.0. Que os coloca entre os anos 1990/2.000.

A Internet, vale dizer, já supera os 5 bilhões de pessoas conectadas em todo o mundo. Muito mais que qualquer outra tecnologia jamais alcançou. O que fatalmente vai gerar novos avanços técnicos. E problemas. A velocidade distinta da adoção tecnológica é um deles, podendo gerar assincronias entre os países e, no limite, subjugar as nações periféricas. 

O desemprego estrutural certamente é o maior problema. A maior parte das atividades hoje realizadas pelo homem serão substituídas pelas máquinas (embora a turma da tecnologia mascare esse fato). As máquinas inteligentes irão provocar desemprego em massa logo, logo.

As ocupações que já estão sendo substituídas pela automação são inicialmente as atividades intensivas em mão de obra na indústria em geral (eletrônicos, confecções, construção civil). Mas também avançará sobre o setor de serviços. O uso de inteligência artificial em instituições financeiras, escritórios de advocacia, corretoras de imóveis, agências de viagem, empresas de contabilidade, de telecomunicações, serviços de saúde e todos os demais setores e, até mesmo no serviço público, irá eliminar massivamente os empregos.

Já passou da hora de se começar a discutir seriamente o impacto dessa nova realidade que chega a passos largos não apenas para os mais de 75% da população considerados analfabetos funcionais, mas também para a classe média. Pensar em soluções institucionais prementes para equacionar esse gravíssimo problema, afinal serão dizimados milhares de profissões analógicas e criados poucos empregos digitais, exponenciando a já enorme desigualdade social existente neste país.

A ameaça futura da tecnologia já se faz presente na vida de boa parte da população. As eleições municipais são momento mais que adequado para os candidatos se debruçarem sobre a questão para explicar para o eleitor o que pensam e como farão para minimizar o problema, afinal, é no município que tudo começa. 

É premente discutir novos marcos regulatórios, pensar seriamente na reinvenção da educação para esse novo mundo, em medidas redutoras da desigualdade capazes de dar suporte à vida das pessoas que irão perder em definitivo seus trabalhos. Pelo bem de todos e para evitar convulsões sociais que certamente já nos batem à porta.

Os candidatos a alcaide estão aptos a essa discussão ou vem aí o mais do mesmo de sempre?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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