colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Um país à deriva

24/09/2020 - 20:09

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Bolsonaro só foi eleito porque saiu do casulo da extrema direita com suas propostas radicais e seus 5% a 7% de votos para atrair o centro, ao cooptar Paulo Guedes e seu ideário liberal para sua equipe de campanha e externar seu apoio à Lava Jato, inclusive sinalizando convite – se eleito – a Sérgio Moro para o seu ministério. 

Simples assim. Ganhou à falta de candidatos que assumissem de forma verossímil os mesmos compromissos com a Nação saturada da corrupção e da ladroagem petista, ansiosa por mudanças. Mesmo que radicais.

O combate à corrupção e o liberalismo ficaram pelo caminho, com Moro “saído” do Ministério da Justiça de forma infame e o brutal desgaste a que vem sendo submetido o ministro da Economia, Paulo Guedes (que já deveria ter saído há muito tempo), pelo presidente da república. 

Que, aliás, está associada à guinada do presidente rumo ao populismo lulista rastaquera que ele tanto combateu nas eleições, a seus acordos com o Centrão corrupto e à baixa política tão ao gosto de quem viveu 27 anos no baixo clero do Congresso Nacional. O que não rima com um governo eleito com proposta reformista.

A pandemia na verdade foi um bálsamo para este governo inócuo. Não apenas empurrou para a frente o que seria o baixíssimo desempenho econômico do Brasil em 2020 sem o vírus, como ainda ajudou Bolsonaro viabilizando a criação do auxílio emergencial que o está levando para ocupar espaços até então dos vermelhos petistas.

Mas está chegando a hora da verdade. O país, quebrado desde 2014, agora se vê às voltas com um aumento brutal da sua dívida (pode superar 100% do PIB); a bolsa de valores, o câmbio e os credores emitem sinais inquietantes e, sem recursos para financiar o programa de renda básica para a população mais carente, se aproxima perigosamente do descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e demais ferramentas como a Lei do Teto de Gastos. São sinais inquietantes. 

Bolsonaro e equipe não têm sido capazes de planejar a retomada econômica do país. Até agora não têm um plano viável para isso e, menos ainda, para o longo prazo. Pior, mostram sinais preocupantes de descompromisso com a preocupante realidade econômica brasileira. sem espaço fiscal para aventuras e menos ainda para um afrouxamento monetário. O país precisa urgentemente redesenhar políticas que levem à sua reconfiguração econômica. 

Mas seu comandante só enxerga um caminho na bruma em que o país se encontra: a sua reeleição. E o seu prático, Guedes, que até agora não conseguiu desenhar com clareza a rota a ser seguida pelo navio para atracá-lo em segurança, perdeu a confiança do chefe e dos marujos. Que começam a esboçar soluções heterodoxas como salvação.
Estamos à deriva em um maremoto.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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