A pandemia não acabou
Quando iniciamos essa série de artigos em março deste ano, estimamos que no mais tardar em julho, a pandemia teria – como acontecera em outros países – reduzido seu impacto e a curva epidêmica teria abruptamente se reduzido de forma a permitir que a economia retomasse seu ritmo normal, reservando-se a segunda metade do ano para o trabalho de recordação econômica da Nação.
Não foi o que aconteceu. Estamos praticamente no final de agosto e o patamar do pico da epidemia no país não se reduz. Somos a segunda Nação a ver morrer diariamente mais gente em todo o mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Estacionamos no cemitério das 1.000 mortes diárias. E vamos fechar este mês somando 120 mil óbitos. Número que é superior, por exemplo, à população de cada um dos 102 municípios do Estado de Alagoas, exceto Maceió, a capital e Arapiraca.
Ao longo dos últimos 5 meses assistimos atônitos o presidente da república mais que minimizar a pandemia com suas tiradas primatas, inconsequente e irresponsáveis do tipo “é só uma gripezinha” ou infames com o “E daí?” tentando fugir da responsabilidade direta pela anomia e abstenção de responsabilidades do governo federal através dos seus órgãos de saúde, obrigados a coonestar com suas aleivosias, mentiras e disparates.
Vimos também governadores e prefeitos ao verem se aproximar as eleições entrarem num vale tudo para ver quem liberava mais rapidamente a volta das atividades econômicas sem qualquer respaldo técnico sério de infectologistas e autoridades especializadas no tratamento de epidemias.
Vimos praticamente sumir da mídia qualquer publicidade orientando as pessoas a se cuidarem, a se protegerem, passando a impressão de que as coisas voltaram ao normal. Quando, bem ao contrário, o quadro ainda é de extrema gravidade, não havendo ainda qualquer medicação ou vacina para combater o vírus.
Mas vimos também, a população, grande parte dela, reagir ao irresponsável liberou geral das autoridades sôfregas, mesmo que isso signifique mais gente morrendo seguindo a mesma linha do presidente da república para quem “todos temos que morrer um dia”. Só que não precisa que ele, governadores e prefeitos irresponsáveis queiram antecipar a morte dos seus concidadãos. Todos merecem e tem direito a vida. Que está sendo sonegada a parcela importante de brasileiros.
O liberou geral promovido pelos governos federal, estaduais e municipais é o responsável direto pela manutenção durante os últimos 3 meses da curva epidêmica em seu patamar máximo. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas. A sociedade organizada precisa cobrar de cada uma delas por suas ações irresponsáveis.
O torpor que toma conta da nossa sociedade não pode continuar. É preciso reagir e deixar bem claro para cada um deles, presidente, governadores e prefeitos que serão responsabilizados por suas atitudes durante esse período negro que estamos passando. Isso não pode ficar barato. Só espero que a justiça (sic), faça a justiça que todos esperamos.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA