colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

100 mil óbitos e contando...

08/08/2020 - 07:37
Atualização: 08/08/2020 - 10:49

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AFP
Covid-19 deixa rastro de mortes no mundo
Covid-19 deixa rastro de mortes no mundo

O economista e colunista do EXTRA ALAGOAS, Elias Fragoso, em artigo exclusivo, fez considerações sobre as mais de 100 mil mortes causadas pela covid-19 no país. "Esses óbitos, para que se tenha ideia mais clara da hecatombe que se abate sobre este país, equivalem a todas as mortes acontecidas no dia em que as duas bombas atômicas arrasaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki", destacou.

Leia na íntegra

Hecatombe, bestialidade, barbaridade, incompetência, chacina evitável, fulanização da morte. Qual seria o termo mais adequado para classificar o que está se passando no Brasil da covid-19? Ou seriam todos? O país assiste atônito ao anúncio de que o vírus acaba de matar a centésima milésima pessoa. 100 mil óbitos e contando...! Número apenas inferior aos dos EUA onde outro aloprado dirige a Nação como se fosse a cozinha da casa dele. 

Essas 100 mil mortes para que se tenha ideia mais clara da hecatombe (pronto, escolhi o termo) que se abate sobre este país, equivale a todas as mortes acontecidas no dia em que as duas bombas atômicas arrasaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Mas se quisermos trazer esse número brutal para mais perto, os 100 mil mortos na epidemia é um número maior que o da população de 95% dos 5.570 municípios brasileiros. E muito maior que as 60 mil mortes violentas que entra ano, sai ano, este país produz para espanto do mundo civilizado. Uma chacina.

E o que falar dos milhões que ficaram com suas dores, abandonados à própria sorte? Quem nesse país não teve um parente próximo, um amigo, um conhecido ceifado pela peste e pela incúria política do governo federal que até hoje insiste em negar, minimizar o tamanho e a gravidade da hecatombe? 

Governo que sonega recursos já autorizados pelo Congresso por que governadores ou prefeitos são “inimigos” do sujeito que desgoverna esse país? Ou por que simplesmente o general intendente à frente do ministério da saúde não libera os recursos que salvariam vidas, por que “acha” que serão roubados, enquanto perde tempo precioso recebendo adeptos de mais uma estranha proposta de enfiar ozônio no ânus para combater a doença (sic).

O país, 75% da sua população se sente órfão de um governo sério que trabalhe para resolver o mais grave problema de saúde que o país já enfrentou. E que persiste. Somos caso único no mundo de um país que alcançou o mais alto platô da curva pandêmica e que há dois meses e meio não dá sinal de arrefecimento. 

No Brasil, mais de mil cidadãos e cidadãs brasileiros estão morrendo todos os dias por que o governo federal se recusa a fazer o seu papel de coordenador das ações de saúde, por que o presidente da república atravessa qualquer tentativa de ação incisiva nesse sentido, por que ele acha que a população precisa continuar a “tocar a vida”, como afirmou bestialmente ontem, ou seja, se infectando e morrendo, até que surja uma vacina, enquanto assiste a seus filhos morrerem estúpida e vilmente.

Enquanto os 30% de apoiadores do presidente mantiverem seu apoio a essa chacina ele não vai parar. São tão diretamente responsáveis pelas mortes evitáveis que estão acontecendo quanto o chefe do executivo brasileiro.
Está na hora de começar a reagir a essa situação bestial. E esse movimento pode começar pelos familiares dos mortos pela covid-19, são cerca de 1 milhão de pessoas que, organizadas podem trabalhar para retirar 10 apoiadores do presidente, ou seja, 10 milhões de eleitores a menos para aquele que já é, sem dúvida, o pior presidente da república que este país jamais teve. Conseguiu ultrapassar até a “inultrapassável” Dilma.
Hora de reagir gente. Os mortos merecem esse esforço de cada um.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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