colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Por uma revolução na educação

21/07/2020 - 09:53
Atualização: 21/07/2020 - 09:56

ACESSIBILIDADE


É repetitivo para especialistas, por largamente conhecido, mas para o leitor médio, não. Na história do mundo, não nenhuma nação que tenha avançado tecnológica, econômica e socialmente sem saltos de qualidade na educação.

O Brasil há mais de uma centena de anos vem perdendo seguidas oportunidades de resolver o que é – sem nenhuma dúvida – o seu maior problema: a baixíssima qualidade da educação brasileira que nos coloca na rabeira de qualquer ranking sério sobre o tema no mundo.

Bater nessa tecla pode parecer redundância, demais até, mas não é. Nunca seremos um país desenvolvido enquanto nossa educação continuar sendo da pior qualidade. Da pior qualidade mesmo. Essa lorota de que estamos evoluindo da nota média em torno de 3,5 para algo melhor é isso mesmo: apenas uma lorota.

Você que nos lê nesse momento já passou pelos bancos escolares e sabe muitíssimo bem que uma nota 3,5 como o caso, reprovaria o aluno em qualquer escola – pública ou privada - por insuficiência. Mas hoje nossos “especialistas” da educação apontam esse desempenho muito abaixo do razoável como uma coisa positiva que está melhorando (sic).

Não. Não estamos melhorando em nada. O modelo de escola, ao menos a pública, continua estacionada no século XIX, os docentes em sua imensa maioria não possuem capacitações técnicas, pedagógicas, culturais para estar em sala de aula, a pedagogia brasileira foi assaltada por teorias exógenas esquerdo-socialistas que interditaram qualquer avanço, muito ao contrário, o modelo de ensino, quando existente (a maioria dos docentes são incapazes de estruturarem um planejamento pedagógico digno de tal nome, atual, pertinente, abrangente, rigoroso tecnicamente), os livros didáticos distribuídos gratuitamente pelo MEC não passam em sua quase totalidade de cópias descaradas ou lixos partidarizados.

E, todos (ou quase todos) os especialistas querem por a culpa no aluno, na família do aluno, ou quem sabe, no papa também, desde que sirva de argumento para defender o 3,5 maravilhoso deles, especialistas. Eles é que são os donos e responsáveis pelos 3,5 que o aluno não consegue sobrepujar. Na maioria estão apenas mamando nas tetas de alguma ONG ou Instituto que se pretende “ajudar a educação”. 

Do ministério da educação apenas uma palavra. Precisa ser fechado. De peça de museu, agora virou palco de disputas ideológicas. É preciso dar não mais uma sacudida, mas fazer uma revolução na educação brasileira se quisermos sair desse atoleiro em que sempre estivemos.

De nada adianta pensar em crescimento, em desenvolvimento sem isso. Nas pouquíssimas, raras vezes mesmo, que o Brasil deu algum sinal de alento em termos de crescimento caímos da armadilha da falta de mão de obra qualificada.

É só perguntar para quem é empresário a luta que é para encontrar alguém um pouco menos semianalfabeto para contratar. E depois arcar com o custo de durante pelo menos uns dois anos treiná-lo para suas funções correndo o risco de logo após ele dar no pé por outra proposta mais vantajosa, já que agora ele, semianalfabeto funcional, se “especializou”. 

Avançar na educação é imperativo. Em 1970, o economista Carlos Langoni (depois foi presidente do BC) mostrou que expandir a educação básica (que à época mal alcançava 40% das crianças) era mais importante que expandir outros setores da economia. E, em seguida nos brindou com um achado técnico importante através de pesquisa: mostrou que é a falta de educação a causa maior da desigualdade no país. Sabe o que nossos “intelectuais e especialistas da educação” acharam do estudo? De pouca valia. Descartaram o estudo e continuaram no achismo de sempre...

Um dado atual mostra de forma direta a importância da educação é o que afirmava Langoni há 50 anos atrás. O adulto que completou o ensino médio ganha 20% a mais que aquele que não logrou chegar até lá. E mais, fica menos tempo desempregado e na informalidade.

O economista Marcos Lisboa em artigo recente para a folha de SP cravou que “O fracasso não é por acaso. Nossa política educacional ainda ignora a pesquisa minuciosa sobre os fatores associados à melhora do aprendizado. A evidência indica a relevância da gestão em cada escola, com avaliações detalhadas de aprendizado, monitoramento dos docentes e metas de desempenho” ao que adicionamos: capacitações qualificadas de longo prazo (inexistentes nas inumeráveis escolas de formação que não passam de armadilhas para docentes incautos), uma rigorosa política de qualificação de docentes que leve, no extremo, à exclusão daqueles “nota 3,5”. 

No Brasil, porém, grupos organizados se apoderaram desse debate e costumam defender apenas o aumento dos gastos com educação, sobretudo de salários, desconsiderando frontalmente qualquer veleidade de se avaliar o impacto altamente negativo da presença desses “docentes” em sala de aula para o aluno, para a educação e para o país. 

Enquanto esse estado de coisas perdurar, a educação brasileira não vai chagar a lugar algum. Estamos em pleno século XXI, na verdade já consumimos 20% dele, o mundo se digitalizou e agora acelera o passo para se “smartizar” e nós continuamos a discutir o sexo dos anjos em termo educacionais. 

Um atraso criminoso imposto por esses “especialistas” e pelos grupos organizados da esquerda radical que se apoderaram do setor e lutam renhidamente pelo quanto pior melhor. 

O FUNDEB agora em discussão seria ótima oportunidade para começar a mudar essas coisas. Mas não, os grupos mandantes, “os nota 3.5” da educação, mais uma vez venceu. Vamos aprovar mais uma sinecura para governos, secretarias, docentes e ONGs se lambuzarem com mais grana (que não é necessária).
Por uma revolução na educação pública. O resto é perfumaria.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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