colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Teremos Governo para liderar a recuperação?

18/07/2020 - 13:37
Atualização: 18/07/2020 - 13:48

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O IBCR-BR – Índice de Atividade Econômica do Banco Central é utilizado pelo mercado para estimar o PIB trimestral a partir dos seus dados mensais acumulados. Ontem o BC soltou os dados referentes ao mês de maio: cresceu 1,5% e aí os apressadinhos já saíram soltando rojões não se sabe bem por quê. Isto porque, se comparado a maio de 2019, que todos sabem foi um ano péssimo para a economia nacional, a prévia de maio deste ano teve queda de 14,4%. Se a comparação for com março e abril deste ano, inicio da epidemia por aqui - quando os índices somados daqueles meses indicaram uma queda de 15,3% - teremos que remar muito para recuperar parte das perdas do primeiro semestre que devem chegar a algo em torno de 12%. 

E uma queda brutal como a deste semestre, fatalmente se espraia – exceto o agronegócio que continua  rescendo – pelos demais setores da economia nacional com reflexos diretos no emprego, na renda e na produção.

A produção industrial cresceu 7% em maio, fruto da retomada das atividades pelo setor com o afrouxamento da quarentena, mas teve uma queda acumulada de 26,3% em março e abril, ou seja, o PIB industrial desse ano deve fechar o semestre com uma perda acumulada em torno de 16% se o crescimento do setor em junho alcançar 3%. O varejo registou um crescimento recorde em maio de 13,9%, mas teve queda acumulada em março e abril que somou 18,8%. 

No quesito emprego, o IBGE registrou que na quarta semana de junho, 1.500.000 pessoas perderam o emprego formal. Isso em apenas uma semana. Com a atividade informal ainda restrita e o pé no freio do consumo por parte dos consumidores ressabiados do que ainda pode vir pela frente, analistas estimam que o Brasil vai fechar o ano com uma taxa de desemprego na faixa dos 17%. Ou seja, 16,7 milhões de pessoas desempregadas. Com um agravante: na retomada da economia os setores de mão de obra intensiva terão mais dificuldades para se ajustar. As empresas estarão priorizando mais atividades digitais e/ou menos intensivas em mão de obra.
Por outro lado, até junho, também segundo o IBGE, 700 mil empresas fecharam as portas desde março e a grande, imensa maioria não volta mais às suas atividades. Elas representam 11% do total de empresas em funcionamento no país em dezembro de 2019. 

Mantido esse diapasão (até porque até agora o governo federal tem feito vista grossa para liberar de
verdade grana para elas) em julho serão mais 200 mil. Estaremos nos aproximando de 1 milhão de empresas fechadas!
Teremos um segundo semestre de grandes desafios.
Teremos governo para liderar o enorme esforço para a recuperação que vem por aí?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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