colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O avesso do certo. Sempre

14/07/2020 - 06:25
Atualização: 14/07/2020 - 06:32

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Parece brincadeira, mas não é. Este governo não tem mesmo jeito. Em qualquer decisão tomada, dentre todas as opções, a escolhida é sempre a mais errada, a pior para a população, a que mais problemas vão criar à frente.

Desta feita, estamos tratando da medida provisória nº 936 de 1º de abril (o dia da mentira em nosso país) que reduz em 25% a jornada de trabalho e o salário de todos os funcionários de empresas privadas com vinculo formal às suas respectivas empresas juntamente com a redução de 50% a 70% dos salários de quem ganha até 3 salários mínimos, esse portento de remuneração mensal de 1.045 reais (ou 6 dólares/dia) que envergonha a todos.

Menos às suas excrescências e seus salários milionários cheio de penduricalhos que podem chegar a mais de 100 mil reais por mês (ontem mesmo, manchetes dos principais jornais do país informavam que 8 mil juízes receberam esse valor no mês passado).

Agora vejam só o disparate dessa medida. Esse mesmo governo que aderiu a proposta do Congresso de uma ajuda emergencial de 600 reais para todos os sem emprego do país, medida meritória que para nossa realidade em muito está ajudando a quase 50 milhões de pessoas que, sem ela, certamente teriam pela frente um tsunami de problemas para sobreviver, é o mesmo que condena os empregados de carteira assinada do país a ganhar menos por seu trabalho que aqueles que, sem emprego, recebem o auxílio emergencial!

Levando os empregados formais para a subocupação. Com seus salários miseráveis reduzidos e sem o auxílio emergencial, só resta a eles, os formais (para aumentar seus rendimentos) nas horas vagas fazer bico. Igual aos trabalhadores informais.

Estes, por sua vez, têm a maior parte da renda auferida vinculada a bicos realizados para os formais (serviços elétricos, pequenos consertos...) que agora quase sem renda, não tem como os contratar, empurrando-os à miséria absoluta da falta de rendimentos, no momento em que o auxilio emergencial acabar.

O que é corroborado pelo economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio que afirmou “Se evita demissão no curtíssimo prazo (90 dias), por outro lado reduz a renda, impacta o consumo das famílias e afeta até a capacidade de os informais ganharem dinheiro, porque boa parte deles atende os empregados formais”.

Opinião reforçada pela também economista Monica de Bolle “Durante uma pandemia, cujo combate depende do isolamento social, o governo se arrisca a ver trabalhadores formais saindo às ruas para recompor, via mercado informal, o salário que vão perder. Essas medidas introduzem uma incerteza econômica brutal”,

Isso é uma esculhambação. Dá bem a medida de incompetência jumental do ministério da economia e de seus PHDs. E do ministro Guedes que anda mais perdido que cego em tiroteio.

Acham pouco? Tem mais.

A medida que visa “proteger” as empresas é de uma insanidade impar, vez que ela está reduzindo a massa salarial e, portanto, o consumo, quando o certo seria preservar o poder de compra para ajudar no combate a recessão em que já estamos metidos e mais ainda, na recuperação do país ao final da epidemia da COVID-19.

Tudo isso por que Guedes e seus “asseclassores” são incapazes de enxergar um palmo a frente do nariz para fazer o certo. Que seria assumir a folha das empresas ou liberar recursos para que elas pudessem aguentar o tranco dessa brutal crise. Não fizeram nem uma coisa nem outra. E foram atacar justamente quem não poderia ser atacado. Os trabalhadores mais simples que carregam esse país no lombo há séculos.

Ah! Sim! Não podemos esquecer que o Supremo na véspera de tirar férias – imaginem bem, o pais pegando fogo e os caras de férias – decretou que não se pode reduzir os salários dos funcionários públicos para ajudar na crise (sic!).

Lamentável tudo isso.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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