colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Recursos externos têm. E muito

13/07/2020 - 13:21
Atualização: 13/07/2020 - 13:23

ACESSIBILIDADE


Mas perdemos as condições para captá-lo no curto prazo Seis trilhões de dólares. O equivalente a 33 trilhões de reais, ou mais especificamente, um volume de dinheiro quase 6 vezes maior que o PIB brasileiro, a 9ª maior economia do mundo. Esta foi a grana que os bancos centrais dos países ricos despejaram em suas economias durante a fase emergencial da pandemia da covid-19, segundo dados coligidos pelo FMI – Fundo Monetário Internacional. 

E parte desses recursos já iniciou – ainda que timidamente – a busca por maiores rentabilidades nos mercados emergentes (a maior parte dos países ricos está praticando juros zero ou negativos).

O Brasil, que a partir do Governo Temer e sua ótima equipe econômica havia retomado paulatinamente espaço junto à banca internacional, desta feita está ficando de fora do radar dos investidores e da banca.

As notas negativas das agências de risco, fruto da deterioração fiscal das contas do País, o ambiente político de risco muito elevado, o baixo retorno real dos ativos – que piorou com a recente queda da taxa de juros –, a péssima imagem que o País construiu com a incompetente condução da pandemia pelo governo federal, a imagem altamente negativa do presidente da República mundo afora e a recessão que bate à porta, são fatores que estão pesando diretamente na posição arredia dos investidores em relação ao Brasil.

Segundo o Instituto Internacional de Finanças, durante a pandemia cerca de 100 bilhões de dólares aportados em países emergentes fizeram o caminho de volta para a segurança do dólar ou para países que remunerem melhor e com menos risco o capital. Nessa toada, o Brasil viu sumir nada menos que 33 bilhões de dólares, 1/3 do capital que saiu dos emergentes. Desse montante que saiu, 4,3 bilhões de dólares retornaram, mostrando a pouca disposição e apetite dos investidores pelo País.

Com os juros baixos perdemos a atratividade de investidores em renda fixa. E com a brutal crise que vamos ter que enfrentar pelo menos nos próximos dois anos, nossas empresas não são, no momento, atraentes o suficiente para investimentos em renda variável ou imobiliária, a não ser aquelas que queiram vender seus patrimônios na bacia das almas.

Se o País não fizer – e logo – sua lição de casa para que a recuperação se dê efetivamente a partir de 2022 (o que não é fácil), vai ter que se contentar em captar recursos de fundos “abutres” e de outros fundos, em condições leoninas que irão dificultar ainda mais sua recuperação. 

Dinheiro novo e bom, só veremos a partir da recuperação da economia e dos lucros das empresas. Que, como vimos, não é para agora. Uma aposta para 2023 seria a minha opinião para o retorno – sempre bem vindo – do capital estrangeiro de qualidade ao País.

Mas é preciso acelerar o passo e fazer tudo certo. Se não...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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