colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Investidor estrangeiro compara o Brasil de Bolsonaro ao de Dilma

09/07/2020 - 10:11

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O índice EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), do banco JPMorgan funciona como um termômetro do grau de confiança que o investidor estrangeiro deposita nos países emergentes. Desde o advento da pandemia no país, o índice brasileiro deu um enorme salto (para pior), saindo de 210 para 388 pontos. Um enorme salto negativo de 178 pontos. O que por si só já mostra o quão estamos mal na fita dos detentores do grande capital.

Para que se tenha ideia mais clara, um comparativo: o risco-país de hoje é maior até que o do desgoverno da petista Dilma Rousseff que levou o país à lona e alcançou 384 pontos no EMBI! A situação de deterioração chegou a tal ponto que numa comparação com 9 países emergentes, o Brasil só fica à frente da Turquia, uma ditadura religiosa que tem 582 pontos no índice, da Argentina, quebrada há mais de uma década, cujo índice é 2.539 e da Venezuela, hours concours dentre todos, com 26.955 pontos.

Outro índice bastante utilizado é o CRB (não confundir com o time das Alagoas) é um indicador que mede o desempenho-país no segmento de commodities (agrícola, energia e metais) e ajuda a entender a correlação entre variação dos preços das commodities, ambiente político local e o risco para se investir no país. Pois bem, em abril passado, o CRB do Brasil bateu no fundo do poço com 117 pontos, uma queda de 28% em relação a abril de 2019. Hoje está em 140 pontos, graças ao aumento dos preços das commodities agrícolas. Mas já foi de 202 em janeiro de 2018...

Somente os otimistas profissionais do mercado financeiro (que precisam captar incautos, digo, clientes nesses tempos nebulosos) continuam a vender o que não existe: projeções de rápida recuperação da economia que, segundo eles, já começou com os seguidos aumentos do índice Bovespa, mas não dizem que isso está acontecendo por que os investidores de renda fixa que estão migrando para aplicações em bolsa em busca da segurança em empresas mais sólidas nesta crise (como aqueles que tem forte presença online) é que estão provocando esse movimento...

Investidor capitalista não vai por grana por aqui tão cedo. A não ser que o Brasil resolva pagar um “prêmio” extra muitíssimo suculento pelo risco e aceitar prazos bem mais curtos que o padrão para o resgate do capital, o que vai nos complicar ainda mais à frente na hora de pagar a dívida.

A percepção do risco de aplicar dinheiro no Brasil fica a cada dia mais clara para os estrangeiros. É quase certo que teremos muitas dificuldades para financiarmos nosso retomada no mercado externo apesar da montanha de dinheiro que está em busca de ganhos seguros em algum lugar do mundo.

Por mais que o ministro Guedes se esforce, há uma barreira política intransponível para este governo no Congresso que obsta qualquer veleidade de otimismo nessa seara do investimento externo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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