colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Ou mais sonhos de uma tarde plúmbea de inverno?

08/07/2020 - 08:27

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Este governo federal exceto (ainda) pela brutal roubalheira petista, se assemelha a cada dia mais e mais aos vermelhos nas mentiras contadas à Nação e no negacionismo sistemático de seus principais próceres quanto à gravidade do momento que vivemos na saúde e na economia.

No final de semana que passou o ministro Guedes abusou dessa faculdade ao desenhar – de modo pouco esclarecedor, diga-se de passagem - em entrevista a rede CNN, a visão do governo para o pós-epidemia, anunciando que a nova prioridade da administração seria saúde, emprego e renda. Mas engraçado, a partir daí falou apenas do que é desde o inicio sua fixação: as reformas estruturais. Que precisam serem feitas.

Anotou que quer ver aprovada ainda este ano a reforma tributária que, segundo ele, será mais abrangente e profunda, cabendo ao Congresso definir os detalhes. Indicou também que vai reduzir a carga tributária sobre as empresas e aumentar sobre os dividendos.

Disse também que quer recriar a CPMF (falou isso com outro nome, como se fosse um imposto diferente) para custear a desoneração da folha de pagamentos. E que vai fazer até 3 grandes privatizações ao longo desse resto de ano. Como se vê, tudo coisa fácil de fazer neste país...

E bateu o pé que a queda do PIB brasileiro este ano vai ficar em torno de -6% e não – 10% (certamente apegado aos dados da recuperação industrial de maio – que se deu por conta da retomada de alguns setores que haviam parado - que dificilmente voltará a se repetir) como apregoam importantes instituições nacionais e internacionais.

Apesar do respeito técnico que nutro pelo ministro, não vejo como essas metas que ele persegue há um ano e meio sem sucesso, serão magicamente facilitadas nestes 5 ½ meses próximos, quando teremos pela frente o enfrentamento da questão da dívida pública que explodiu na epidemia, o equacionamento do refinanciamento de 90 bilhões de reais que vence até maio de 2021 (já que a projeção é de redução do aporte de recursos externos e até de debandada de grandes investidores, se o governo insistir na forma de condução da questão da Amazônia.

Ou a ingente questão do desemprego que já alcança 18 milhões de trabalhadores, 38 milhões de informais, como ainda a necessidade urgente de uma política de apoio financeiro para o exército de pobres e desvalidos “descobertos” a partir do auxilio emergencial do governo na pandemia.

Além, claro, das questões políticas envolvendo o presidente e sua família em vários inquéritos de alta octanagem em andamento que certamente podem provocar um curto-circuito no rumo dos desejos do ministro.

Além disso, não se pode esquecer que, graças ao negacionismo de Bolsonaro e ausência total do governo federal na epidemia, o país continuará debruçado nesse segundo semestre no combate à crise sanitária da CODID-19 que faz do Brasil o de pior desempenho. O que vai demandar mais esforços e muito mais recursos do que o previsto.

Hora de acordar ministro.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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