colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A verdadeira pandemia

21/06/2020 - 09:28

ACESSIBILIDADE


Países desenvolvidos durante esta pandemia tiveram um padrão comportamental simétrico em relação às medidas de contenção dos riscos de contaminação dos seus cidadãos pela Covid-19: rigorosas políticas de distanciamento social e recolhimento compulsório às residências, exceto os serviços de fato essenciais. 

Alguns deles, com certo atraso como foram os casos de Itália, Espanha, França e Inglaterra, que pagaram caro por isso, com seus serviços de saúde colapsando, um número enorme de mortes, a infraestrutura de serviços funerários e os cemitérios operando em capacidade muito inferior à demanda e suas economias – como de resto em todo o mundo – adernando para desempenhos negativos dos seus PIBs. 

Após 90 dias, ainda sem estarem com o vírus sob controle (mas ao menos com a curva de infectados caindo fortemente) estão liberando pessoas e empresas e reabrindo suas economias, certamente sobre forte pressão do empresariado de seus países que não querem perder a chance de faturar no verão. 

Mas, também pela própria pressão dos seus tesouros que precisam voltar a arrecadar para reduzir o impacto brutal da queda da atividade no primeiro trimestre e em parte do segundo. É preciso aguardar um pouco mais para ver se foi a melhor decisão para cada país.

No Brasil, a gestão tumultuada do Sr. Bolsonaro à frente da Nação, seu negacionismo da crise sanitária que já começava a nos assolar, o pífio desempenho da economia no pré-Covid-19, o alheamento do ministro da economia quanto a medidas urgentes para socorrer pessoas para evitar o caos social e às empresas para evitar uma quebradeira geral, as três trocas de ministros da saúde em plena pandemia, inviabilizando aquele que deveria ter sido o órgão central emanador de políticas e diretrizes sanitárias, que culminou com o que aí está: nada, e o aguçamento da crise política que está paralisando o pouco que ainda era operante, está nos levando para o pior dos mundos.

Sem lideranças confiáveis, sem uma narrativa credível capaz de empolgar e unir a Nação, sem comunicação, voltada para apoiar site de fake news, totalmente paralisado e, com uma incomum capacidade de criar problemas para si mesmo – e para o Brasil - o governo federal é sem dúvida a maior Pandemia por que este país está passando.

Estamos chegando ao fim do segundo trimestre com uma projeção do PIB que, para ser muito benevolente vai cair 15%, uma brutalidade que vai nos custar uma quase dezena de anos para recuperar; Está-se liberando – em pleno auge do crescimento da pandemia no país – a volta das atividades econômicas, situação única no mundo que ninguém sabe como irá terminar, estamos adentrando no que pode vir a ser mais um processo de impedimento de um presidente da república (fato que por si só galvaniza os meios políticos, paralisa iniciativas de investimentos, aumenta a insegurança das empresas) e, para completar, o governo até agora não apresentou um plano de saída para o pós Coronavírus.

Se Deus é mesmo brasileiro como dizem, está faltando com seu compromisso com os 215 milhões de pessoas que aqui estão. Se Ele nada fizer, não se espera muito dessas figuras “públicas” que aí estão.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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