colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

De que adiantou?

15/06/2020 - 08:23

ACESSIBILIDADE


Estamos caminhando para 90 dias da adoção do distanciamento social como remédio único para o problema da contaminação pelo Coronavírus. Durante esse período, na verdade, tivemos as duas ou três primeiras semanas com índices satisfatórios de recolhimento que oscilaram entre 60% a 70% nas grandes cidades (porque nas de menor porte isso nunca aconteceu) e nas capitais. 

De lá para cá a coisa veio desandando até culminar a partir da última semana com a absurda, irresponsável e covarde liberação das pessoas dos programas de contenção da epidemia por parte de governadores e prefeitos, que medraram diante da pressão do presidente da República pelo liberou geral e dos empresários sufocados pela falta de auxílio financeiro do governo federal, insensível e incompetente em sua marcha batida enviesada que vai nos custar muito, muito caro. 

A epidemia trouxe consigo um fenômeno econômico novo, a queda abrupta e simultânea da oferta e da demanda, desarranjando por completo a economia que passou da noite para o dia por uma transformação radical, exigindo novas formas e usos das ferramentas econômicas para atender a nova realidade de “guerra” e criar as condições mínimas necessárias para que as pessoas e as empresas conseguissem sobreviver ao cataclisma que se abateu sobre elas. Qual o que... 

10 milhões dos 70 milhões de pessoas que solicitaram o auxilio emergencial até agora estão a ver navios. Não viram a cor de um único centavo dos mirrados 600 reais mensais prometidos. Pior ainda as empresas: 95% sem acesso a nada até agora. Parece até que povo e empresas são o inimigo a ser abatido, tal o tratamento que este governo vem dando a ele e a elas.

Mas como o pior está sempre acompanhado, à tempestade econômica perfeita que se está desenhando à frente, soma-se agora o perigo real e objetivo do país ver o número de óbitos crescer vertiginosamente daqui para frente por conta do liberou geral promovido – agora em conjunto – por presidente da República, governadores e prefeitos.

Este país está à beira de um precipício econômico com queda do seu PIB para algo em torno de -8%, somada a uma forte recessão e, por conta de medidas absolutamente incongruentes em termos sanitários, de ser ver impedido de reagir adequadamente por ter sido obrigado a fechar tudo de novo para afinal controlar a epidemia.
Isso pode acontecer de fato. Nunca na história das pandemias liberou-se a circulação de pessoas e o funcionamento da economia em plena fase de seu pico. Isso é uma loucura que certamente irá entrar para a história. 

Pelo número de mortes desnecessárias que irá provocar, pela brutalidade da crise econômica em que o país vai embarcar e pela inusitada – e errada – medida sanitária que está sendo tomada. Nunca este país precisou tanto de líderes. Não dos caquéticos ou ladravazes que aí estão. Mas de lideranças renovadas com gente de valor, respeitabilidade e competência.

Este país não merece isso. Definitivamente.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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