colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O impacto da Covid-19 no Nordeste

11/06/2020 - 10:08

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O Norte e o Nordeste, primos pobres das demais regiões do país são, junto com Rio de Janeiro e São Paulo, os principais focos da Covid-19 no país. As duas regiões e os dois Estados detém nada menos que 34.504 óbitos de um total de 37.008 computados até 8 de junho. Ou 93,2% do total de mortes no Brasil pela epidemia.
Norte e Nordeste, onde vivem 33,5% da população brasileira representam 50,6% dos óbitos causados pela Covid-19 no país (7.086, na região Norte e 11.668, no Nordeste). As duas regiões detêm outros indicadores altamente negativos como: 39% dos profissionais de enfermagem infectados e 51% dos óbitos daquela classe profissional, segundo o Cofen. 

Percentuais absolutamente desproporcionais em relação ao tamanho de suas populações das duas regiões. Números que desnudam as fragilidades infraestruturais, sociais e econômicas de ambas, no caso, refletida num sistema público regional de saúde em petição de miséria, que apenas tem funcionado graças ao desprendimento de profissionais que arriscam diariamente suas vidas em estruturas despreparadas para evento do porte da Covid-19. 

Já é sabido do tremendo impacto econômico e social que a Covid-19 provocará em todo o mundo. O Banco mundial estima um PIB global para 2020 de -5,2% e a mais profunda recessão desde a crise de 1929. Sua estimativa para o Brasil é de um PIB de - 8% em 2020. Mas pode piorar já que nossa curva de infecção - em crescimento geométrico – agora anda passo-a-passo com a irresponsável abertura das atividades econômicas.
Quando possível realizar análise mais “pé no chão”, decerto, Norte e Nordeste terão indicadores muito piores que os do Brasil. Se servir como referência, o Tsunami Dilmista-Petista legou ao país um PIB acumulado de – 7% entre 2015 e 2016. Que teve o Nordeste como destaque negativo: foi o pior desempenho dentre as 5 regiões do país: -8,6%.

A renda na região encolheu 4%, as vendas no comércio desabaram 20% e o desemprego atingiu como em Alagoas, a 18% da força de trabalho. Números que tendem a ser ainda piores na crise da Covid-19. Dependente de transferências governamentais federais, com ¼ das famílias tendo como renda programas sociais, pensões e aposentadorias, em grande parte desindustrializado e com um setor de serviços raquítico, a região em 2016 viu o seu PIB recuar ao mesmo patamar de 2009. Um retrocesso e tanto.

Se a queda do PIB brasileiro ficar em -8% este ano, provavelmente o Estado de Alagoas verá a repetição do desempenho regional de 2015/16 e, novamente, nosso PIB voltar a ser equiparado com o de 2019. Se a queda for maior, bem, aí a tragédia seria ainda pior. Este é um alerta para a dura realidade que a região e Alagoas terão que enfrentar. E para se atentar com “Rolandos leros” locais travestidos de analistas que tentam esconder a dura realidade que se escancara logo à frente, vendendo edulcoradas pílulas furadas de otimismo.
O que somente serve para desviar a atenção da enormidade do problema.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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