colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Em agosto, desgosto

31/05/2020 - 10:58
Atualização: 31/05/2020 - 11:14

ACESSIBILIDADE


Na terça-feira, o Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, o órgão que serve como baliza ao governo americano na pandemia, confirmou o que estamos alertando desde fevereiro. Sem se estruturar adequadamente e politizando a área da saúde, o governo federal está nos levando ao abismo das 120 mil mortes por COVID-19. Em agosto.

As projeções indicam que em agosto com nossa curva de morte ainda subindo, vamos alcançar o infelicitado número de 121 mil óbitos em decorrência do vírus. E que em 20 de junho o país terá uma média de óbitos diários por causa da COVID-19 da ordem de 1.020 (número este que já estamos próximos, o que pode indicar alguma falha metodológica na pesquisa o que, neste caso, pode até aumentar aquele desolador quantitativo). 

Para que se tenha noção da gravidade do problema em que estamos metidos, nesta semana que se encerra, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos - o país onde mais morreram pessoas por conta da doença - no número de mortes diárias. E isso é algo muito significativo quando se analisa o rumo que se está imprimindo à gestão da epidemia em nosso país. 

O governo federal recomenda – formalmente - uma medicação que pesquisas em todo o mundo renegam sua eficácia no combate ao vírus; não realiza sequer o mínimo em termos de testagem da população, medida essencial para o estabelecimento de politicas e diretrizes operacionais durante a crise; retarda o envio de recursos, materiais e financeiros da saúde, aos Estados por conta de idiossincrasias políticas.

Atrasa também o envio do auxílio financeiro direto aos Estados e municípios no montante de 60 bilhões para dar tempo de sair aumento para militares do DF, Roraima, Rondônia e Amapá e para que Estados irresponsavelmente aumentem seu funcionalismo, como está sendo o caso da Paraíba e do Mato Grosso. Deixando capenga a proposta de congelamento feita pelo ministro da economia.

Isso, além de continua a bombardear a população com contra informação desmentindo as próprias orientações do ministério da saúde na defesa da criminosa – não há outro termo – abertura da economia, quando o mundo inteiro pratica o controle da mobilidade social como melhor solução para a melhor gestão dos recursos médicos e hospitalares tentando evitar ainda mais mortes até o surgimento de uma vacina.

Este não é momento de se falar em flexibilizar as restrições de mobilidade da população. Estamos em plena fase de crescimento geométrico da epidemia, sequer chegamos ao pico. E quando lá chegarmos ainda se levará pelo menos uns 30 dias, antes de qualquer iniciativa de volta à normalidade econômica e social. Que deverá ser feita com muito cuidado para não sofrermos uma recidiva e termos que se fechar tudo de novo.

Os governadores estão sendo pressionados fortemente por este presidente que aí está. Eles sabem que se obedecerem à ordem tresloucada do planalto de “abrir tudo” e (vai), acontecer o aumento do problema depois de mais de 60 dias de esforço coletivo, serão diretamente responsabilizados.

Quanto aos empresários, que se aliam ao presidente para pedir pela abertura, devem saber que serão também responsáveis pelo agravamento do problema. O que tem que fazer é pressioná-lo (e não apoiá-lo) para que o governo federal libere os recursos prometidos para a sobrevivência de suas empresas e que até hoje não chegaram. Isso sim seria o certo. O justo.

A população não pode ficar a mercê de decisões de pessoas com este tipo de visão. O povo, que está morrendo sem atendimento por conta da superlotação já existente na rede hospitalar pública e privada, não merece mais esse “prêmio” da sua elite dirigente política e de parte da empresarial.

 "Este não é o momento de flexibilizar as restrições. É preciso permanecer forte, vigilante, e implementar as medidas com eficácia comprovada".

Etienne afirmou que “não há dúvidas” de que a América é o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, e chamou a atenção para os Estados Unidos e para o Brasil, que vêm registrando os maiores números diários de novos casos da doença. Peru, Chile e México também foram citados pela diretora como exemplos de países que vivem um momento crítico no crescimento de infectados. 

O Brasil precisa aumentar o número de testes. Atualmente, são cerca de três mil por milhão de habitantes. Em um País tão grande, de cidades povoadas como Rio e São Paulo, é de importância vital implementar medidas de mitigação, como aumentar os testes e tentar manter o distanciamento social. A situação não vai melhorar na próxima semana. Ainda há um longo caminho a percorrer", alertou Espinal.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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