colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O brasileiro que se exploda. Ou tome tubaína como quer o Messias

25/05/2020 - 13:18

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''A esperança da economia brasileira entrar nos trilhos a partir de 2019 foi um sonho de verão acalentado'', diz Fragoso
''A esperança da economia brasileira entrar nos trilhos a partir de 2019 foi um sonho de verão acalentado'', diz Fragoso

A esperança da economia brasileira finalmente entrar nos trilhos a partir de 2019 e acertar o passo para afinal, embicar rumo ao desenvolvimento econômico sustentado, foi um sonho de verão acalentado pelo ministro Guedes, um quadro competente e que frustrou a Nação. 

Seu chefe, o presidente da República, boicotou todas as suas principais iniciativas. Para ficar na mais importante, a Reforma da Previdência. A proposta era se conseguir uma economia de 1,2 trilhão de reais com as medidas propostas. Mas como com Bolsonaro sempre tem um mas, suas brigas sem sentido com o Congresso, o boicote sistemático a qualquer medida que mexesse com o funcionalismo e a imposição na marra de um tal plano de carreira para os militares, fez com que a economia de uma montanha do tamanho de 1,2 trilhão de reais parisse um rato de menos de 600 bilhões de reais em 10 anos. 

Que até podem parecer muito, mas não é. O deficit com a previdência que era de 5% do PIB foi reduzido para 3%. Ou seja, não se zerou o problema e vamos ter que continuar a pagar a aposentadoria dos nababos do setor público e a parcela ínfima do setor privado. São 324 bilhões de reais anuais! E pior: em 5 anos teremos que voltar a tratar do problema da previdência.

Mal o ministro se recompôs dessa derrota, tentou emplacar as reformas administrativa e tributária, e aí o bicho pegou. Não conseguiu sequer encaminhar os dois textos ao Congresso. O presidente não deixou, com receio de perder apoios por conta da primeira e pela pressão dos lobbies econômicos que iriam perder posições com a segunda.

E lá se foi embora o ano. E veio o tsunami sob a forma de pandemia que obrigou o ministro a tomar medidas (depois de muita relutância e tropeços) distantes do seu projeto e pouco ambiciosas para salvaguardar empresas e pessoas neste momento crucial de crise epidêmica.

Nesse instante, a Nação assiste estupefata o belicoso presidente, desnorteado e ameaçado politicamente, destruir as bases da democracia neste país, prejudicar o combate à epidemia e operar de forma errática na economia, agora sob o olhar complacente do ministro que, parece, rendeu-se ante a perspectiva de perder o cargo como os que ousaram se contrapor às loucuras pensadas do imperador do desgoverno. 

E isso só tem criado insegurança no mercado e nos investidores estrangeiros. E todos sabem o quão o capital é arisco a riscos. O investidor estrangeiro já se foi há algum tempo, e não volta tão cedo. Tem mais com o que se preocupar do que com o sonho psicodélico do ministro de capturar 1 trilhão de dólares com privatizações para a retomada da economia pós epidemia. 

Mas não fica nisso, a sintomática desvalorização do dólar em 45% apenas neste ano aumentou a dívida externa de empresas e bancos em 900 bilhões de reais. Nosso endividamento saiu de 1,9 trilhão para 2,8 trilhões de reais em apenas 5 meses. Pior: 20% das empresas endividadas não possuem mecanismo de defesa da variação cambial.
Esses são apenas alguns exemplos dos danos causados à economia pelas desarrazoadas ações do presidente, o que tem deixado o mercado de orelha em pé. 

Não se trata mais apenas de manter a responsabilidade fiscal ameaçada pela entrado do Centrão no governo, mas também de como se dará a saída da crise. Até o momento muito lero da área econômica, ameaças de retomada do roto Plano Brasil pelos militares do governo e muita, muita confusão provocada pelo presidente. Nada de novo no front. 

O brasileiro que se exploda, ou tome tubaína como deseja o Messias.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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