colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Recuperação econômica só depois da vacina

18/05/2020 - 08:21

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O mundo está vivenciando tempos de absoluta incerteza e perplexidade diante do choque de realidade que a Covid-19 está impondo a todos: só sabemos que não sabemos como essa coisa irá terminar. Ontem, o segundo na hierarquia da OMS, Hans Kluge, manifestou sua preocupação com a eclosão de uma segunda onda – ainda mais mortal – de infecção pelo Coronavírus na Europa no próximo outono. 

O alerta vem na esteira do relaxamento das restrições para o convívio social, por parte da maioria dos países europeus que mal acabam de passar pelo pico da epidemia enfatizando claramente que a Europa continua epidêmica e que pode vir a ter que fechar tudo de novo, desta feita a um preço ainda mais alto em termos de vidas e da economia.

Uma segunda onda epidêmica ataca com mais virulência e agressividade aqueles países ou continentes menos afetados na primeira onda, como é o caso da África, Oriente médio e Europa oriental, por exemplo. Foi assim na gripe espanhola que, na verdade, teve 4 ondas, embora a pior tenha sido a segunda quando morreram quase 50 milhões de pessoas.

Enquanto não houver vacina ou um remédio para controlar o vírus, o mundo precisa entender que o novo normal são as restrições ao convívio social. É isso ou a tragédia anunciada. A economia não volta a funcionar normalmente antes da vacina. E ponto final. Aliás, ontem, o presidente do FED (O BC americano), Jerome Powell, disse que a recuperação econômica dos Estados Unidos pode se estender para 2021 e que “para que a economia se recupere totalmente, é preciso que as pessoas voltem a estar totalmente confiantes e talvez tenhamos que aguardar a chegada de uma vacina”. Mesmo o BC injetando 3 trilhões de dólares nas empresas para evitar sua falência...

A melhor prova disso reside no que está acontecendo aqui no Brasil. Lojistas de shopping que já reabriram em algumas cidades estão amargando queda de 80% nas vendas. As pessoas não estão confiantes em sair de casa para ir às compras. Sentem-se inseguras quanto ao futuro, em relação aos seus empregos, e têm medo de contrair a doença. A observação do presidente do FED nesse sentido é perfeita.

Nenhuma economia no mundo vai voltar ao normal antes da descoberta de uma vacina contra o vírus e antes das pessoas se vacinarem. Esta é a realidade. E é com ela que se deve lidar objetivamente. Preocupa quando economistas se arvoram de magos e tentam vender um peixe que não existe. Se nos Estados Unidos a economia vai passar por uma tempestade violenta, no Brasil será uma hecatombe. 

Nunca foi tão verdadeira a frase jocosa que afirma que se a economia americana tiver uma leve gripe, a brasileira já contraiu tuberculose há tempos. E o ministro Guedes sabe bem disso, mas parece que acaba de vender a alma ao diabo ao sintonizar o seu discurso com o do Dr. Bolsonaro, cientista especialista em Coronavírus e, agora também PHD em tragédia anunciada na economia.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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