colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Desgovernado

17/05/2020 - 09:04

ACESSIBILIDADE


Sexta-feira o então ministro da saúde pediu demissão. Breve como foi na sua passagem pelo órgão, pode-se dizer em seu favor que teve a hombridade de pular fora da barca furada que é esse governo e mais especificamente, a sua área da saúde nesta pandemia.

Fruto da doentia fixação do presidente da república por “abrir tudo” e matar mais pessoas e sobre a cloroquina – um medicamento que analisado por vários laboratórios mundo afora não encontrou qualquer ressonância técnica a apoiar a sua doidivana tese salvacionista para a Covid-19.

Chegamos agora ao patamar de mais de 15 mil óbitos, fora a subnotificação que certamente elevaria ainda mais essa trágica estatística. E seguimos perdidos, sem qualquer norte sobre o número real de infectados, sem um mapa confiável do avanço do vírus pelo país, com raso acompanhamento do que está de fato acontecendo nas comunidades e favelas e localidades fora das áreas urbanas.

Não se faz o dever de casa mínimo que é testar a população, faltam respiradores, equipamentos e infraestrutura hospitalar por todo o país, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal de apoio (do motorista da ambulância, passando pelas portarias, recepções, limpeza, e outra dezena de posições internas) estão adoecendo e morrendo a toa por desempenharem suas funções em condições absurdas de insalubridade. 

Pessoas estão indo a óbito por absoluta falta de condições da rede hospitalar – pública e privada – dar conta da demanda exacerbada que aumenta a cada dia. Morrem mais de 850 pessoas a cada dia em média. Morrem à míngua como previmos e alertamos aqui desde o inicio da pandemia na esperança de que algo concreto pudesse ser feito para minorar o problema.

O dinheiro do governo federal nem chega no volume esperado, tampouco na velocidade desejada, e o pouco que chega ainda sofre desvios. Como os respiradores comprados pelo governo do Pará que não funcionam, as máscaras de papelão distribuídas pela prefeitura do Rio de Janeiro, sim de papelão que foram entregues no Rio de Janeiro para proteger as pessoas da Covid-19 (SIC!), a compra de equipamentos pelo dobro ou triplo do valor médio de mercado que foram registradas em Santa Catarina e em outros Estados... 

Num momento como esse que vivemos, o Ministério da Saúde, que deveria ser o orientador das ações de combate ao vírus e o organizador das atividades da área por todo o país, se encontra literalmente sitiado pelo presidente da república, que em menos de 1 mês trocou 2 ministros por discordarem de suas teses lunáticas sobre o combate a epidemia.

Certamente agora ele deve estar frenético na busca de um pau mandado terraplanista disposto a defender o indefensável e assumir junto com ele o ônus pelas mortes que a cada dia aumentam no país. Desgovernado, o ministério da saúde se tornou dispensável.

Lamentável.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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