colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O pior está por vir. E não é a Covid-19

14/05/2020 - 10:31

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Daqui a alguns anos, quando algum cronista der uma passada de olhos neste momento esquizofrênico que o país está vivenciando e que soma crise sanitária, crise política e crise econômica, todas elevadas à enésima potência por um governante incompetente, certamente deixará os leitores do futuro incrédulos. 

Seu texto terá produzido o que o Lalau – o grande Stanislau Ponte Preta – definiria como o samba do crioulo doido, música que ele compôs e cujo enredo descreve como Chica da Silva obrigou a Princesa Leopoldina a se casar com Tiradentes, dentre outros disparates. Porque é exatamente isso o que estamos vivendo. E para não vamos longe, ficando apenas nos fatos mais recentes.

a) Todos sabem que o presidente da República desde o início da pandemia nega sua existência. Ele e mais 4 ditadores. Todos os demais 200 mandatários de seus países estão aliados às orientações da ciência. Ficaram (negativamente) famosas frases suas como a insensível: “e daí?”, quando perguntado sobre as mortes que o vírus vem provocando no seio da sociedade brasileira.

Sua continuada luta para “abrir tudo” e provocar o caos no já depauperado sistema de saúde do país, já entrou para o rol das aberrações mundiais. Somos vistos hoje no mundo como uma anomalia. E resultados negativos da vida real já aparecem: Risco País e dólar já dispararam.

b) Ele, em plena crise da Covid-19 trocou – por ciúmes e despeito - o popular ministro da saúde por um pau mandado que em menos de um mês descredenciou-se perante a Nação, por sua incapacidade gerencial, desconhecimento brutal da realidade da saúde pública e total falta de liderança. O Ministério da Saúde do Brasil é nesse momento-auge do combate à epidemia um zumbi a incomodar àqueles que estão tentando reduzir os danos da política danosa do libera tudo.

c) Em seguida partiu para tirar do cargo o ministro mais popular forçando sua saída para poder manobrar à vontade na tentativa de proteger o filho senador enrolado em inquéritos no STF. Deu-se mal nas duas ocasiões. Perde dia após dia apoiadores. O vídeo da reunião é mais uma peça-prova da iniquidade do seu governo.

d) E como em política a resposta é imediata, na última pesquisa de opinião realizada para a Confederação Nacional do Transporte pela MDA, quase metade dos brasileiros já acha seu governo ruim ou péssimo: 43,4% (63,7 milhões de eleitores). Há quatro meses eram 31,5%, nesse rápido interim, perdeu o apoio de 17.400.000 eleitores. Politicamente está esvaziado. É uma alma penada vagando nos palácios a infernizar a vida de todos.

e) Mas como desgraça pouco é besteira, está em plena temporada de fritura do seu importante ministro da Economia que, com a corda no pescoço, está pressionado a sair ou abrir as torneiras para o Centrão. Deve sair, e aí o que já estava péssimo em termos da economia vai piorar muito.

f) Ao trazer o Centrão, o que há de pior na escória do Congresso Nacional para dentro do governo, com medo de perder o cargo, trai uma das mais caras promessas feitas aos eleitores: o combate à corrupção. A contrapartida? Bem, os rapazes do Centrão não brincam em serviços. São profissionais. 

Só querem o naco de posições que falem de bilhões. E ele está dando para os ladravazes tudo o que eles pedem.  Passou 38 anos na casa e não aprendeu. Vão roubar tudo que puderem e depois traí-lo como sempre fizeram, aliando-se ao novo futuro chefe da Nação. Seja lá que for e deixando o país mais quebrada que no tempo da Dilma, Escrevam aí.

g) A Nação está ameaçada. O Centrão já se manifestou (claro!) pela gastança. Nada de reduzir dívidas, controlar déficits ou de gestão moralizadora. O negócio é arrebentar tudo. Igual fizeram no tempo do finado PT. Estamos caminhando para o pior dos mundos – tenho alertado sobre isso – teremos ao final da epidemia um país com a economia em frangalhos, uma brutal crise com provável depressão e deflação combinadas e, uma crise política que só se agrava.

Não se saí de um problema desse tamanho incólume. Ainda mais tendo a frente da “solução” dos problemas, alguém como Bolsonaro. Temo por nosso país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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