colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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A agenda nunca andou

10/05/2020 - 10:28

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A pior coisa para um governante é, ao final do seu mandato, não ter um legado para deixar para o povo que o elegeu. Está acontecendo de novo no Brasil. Agora com o governo Bolsonaro, ainda em seu início, é fato, mas já com um enorme desgaste que somente governos em final de mandato experimentam. 

Qualquer analista enxerga isso. E que o governo está feito caranguejo, andando para os lados. É só escolher qualquer área e lá está a marca da inação. Ou da aberração. Alguém aí lembra das pautas conservadoras que tinham como expoente figura do porte da ministra Damares, do ministério da mulher, da família e dos direitos humanos? 

Ou de um ministro chamado Ricardo Salles, do meio ambiente? Todas as suas teses foram derrubadas ou desmoralizadas. Não que não houvesse coisas importantes dentre elas. Havia, sim. O problema sempre foi a forma errada e extremada como foram conduzidas.

A agenda na área do ministério da justiça foi totalmente desvirtuada pelo Congresso Nacional, muito em razão da forma de tratamento do presidente com aquele poder. A agenda econômica, importantíssima para o futuro do país também não andou. 

Com muita, enorme dificuldade e apenas pelo esforço acima do normal do ministro Guedes, conseguiu-se aprovar a reforma da previdência (ainda assim com uma série de cortes que contaram com o apoio indisfarçado do próprio presidente da república) e a Lei da Liberdade Econômica.

Nas outras áreas nada de relevante aconteceu. O acirramento de pressões contra o STF e o Congresso brasileiro, a mal disfarçada escalada autoritária do presidente, seu comportamento irascível com a imprensa, o negacionismo ególatra da crise do Coronavírus e a maneira errática de conduzir o governo estão criando um caldo de cultura divisionista no país, como jamais se viu, nem mesmo nos tempos do indigitado PT. 

De outro lado, o Congresso, sem um canal de diálogo com o governo, meio que estabeleceu um parlamentarismo sem primeiro-ministro e passou a conduzir a pauta de votações de acordo com os seus interesses (que se sabe, nem sempre são os da Nação). Daí surgiu, por exemplo, o Orçamento Impositivo, que tirou do governo uma importante fonte de negociações com o Congresso para a liberação de recursos das emendas parlamentares, dentre outros.

A chegada da pandemia arrebentou a corda da economia com o necessário recolhimento social das pessoas e o fechamento das empresas; quebrou importante elo do presidente com a população com sua insistência negacionista da crise, a demissão de um ministro da saúde popular por despeito e inveja e a intervenção branca no importante ministério da saúde que hoje é figura decorativa no meio da crise que tomou conta do país.

Sua popularidade vem caindo seguidamente. E se acelerou com a saída do ministro mais popular do seu governo e símbolo da luta contra a corrupção e o crime, somado ao anúncio da entrada da banda podre do congresso simbolizada pelo Centrão no governo (como tentativa – de se garantir contra um impeachment). 

Esse modelo de governo como vimos ontem, não vai muito longe e sempre com péssimos resultados para o primeiro mandatário que fica a ver navios com a debandada dos seus “marujos” em busca da próxima nau capitã que irá tomar os destinos do país.

Com essa atitude Bolsonaro inaugura um novo governo. O do toma-lá-da-cá. Já começou com a nomeação de apaniguados do Centrão para órgãos com orçamentos bilionários do governo federal.
E quanto a crise do Coronavírus? Que crise? perguntaria o chefe da organização.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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